TRAJETÓRIA FORMATIVA DE MULHERES-ESTUDANTES INDÍGENAS NA UNIVERSIDADE BRASÍLIA

Visualizações: 93

Autores

DOI:

https://doi.org/10.56579/rei.v6i1.656

Palavras-chave:

Ações Afirmativas, estudantes indígenas, universidade de brasília, trajetória formativa, racismo

Resumo

Este artigo é resultado de uma pesquisa que analisou experiências interculturais no ensino superior, em chave decolonial e antirracista. No recorte aqui apresentado, analisamos narrativas de mulheres indígenas que colocam em perspectiva suas trajetórias formativas e as formas pelas quais elas se mobilizam e se organizam para enfrentar seus desafios. As entrevistas foram realizadas com dez estudantes indígenas da Universidade de Brasília no primeiro semestre de 2022 e examinadas à luz da literatura que trata das ações afirmativas como caminho para reparação das desigualdades sociais e raciais em educação. Os relatos indicam que o racismo constitui a principal dificuldade enfrentada pelas estudantes; informam, ainda, que o enfrentamento desse e de outros desafios passa pelo fortalecimento da Associação dos Acadêmicos Indígenas da Universidade de Brasília (AAIUnB), que tem um papel preponderante na mobilização coletiva das/os estudantes para assegurar acesso e permanência na universidade. No percurso da análise, buscamos sustentar que a presença das/os estudantes indígenas nas universidades constitui uma oportunidade para o diálogo intercultural no ensino superior e para enfrentamento do racismo e das relações de poder/ser/saber que ainda operam nas universidades.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Paula Fernandes de Assis Crivello Neves, Universidade de Brasília

Doutora pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade de Brasília (PPGE - UnB), na linha de pesquisa: educação ambiental e educação do campo. Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Goiás (PPGEDUC - UFG - Regional Catalão), na linha de pesquisa: práticas educativas, formação de professores e inclusão. Especialista em Gestão Escolar com ênfase em Coordenação Pedagógica pela Faculdade Brasileira de Educação e Cultura (FABEC). Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Goiás (UFG - Goiânia). Integrante do Grupo de Pesquisa Educação, Saberes e Decolonialidades (GPDES-UnB) certificado pelo CNPq. Atualmente atua como professora na Secretaria Municipal de Educação de Goiânia - SME na Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) com o Atendimento Educacional Especializado (AEE). Tem experiência na área da educação, com ênfase em estudos decoloniais, interculturalidade, inclusão, educação especial, educação infantil e transtorno do espectro autista.

Ana Tereza Reis da Silva, Universidade de Brasília

Professora Associada IV da Universidade de Brasília, Faculdade de Educação. Atua no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE/UnB) e no Mestrado em Sustentabilidade Junto a Povos e Terras Tradicionais (MESPT/UnB).  Líder do Grupo de Pesquisa Educação, Saberes e Decolonialidades (CNPq). Desenvolve atividades de pesquisa, ensino e extensão nos seguintes temas: Educação para as relações étnico-raciais. Educação antirracista. Educação em contexto de povos e comunidades tradicionais. Pedagogias Decoloniais. Educação em tempos de colapso climático. Educação em Direitos Humanos. Diálogo de saberes. Ações afirmativas, interculturalidade, decolonialidade e justiça epistêmica no ensino superior. Práticas e pensamentos decoloniais.

Referências

AAIUnB Associação dos Acadêmicos Indígenas da Universidade de Brasília. Carta nº 002 - Ao Decanato de Ensino e Graduação prof. Doutor Diego Madureira. Brasília 08 de fevereiro de 2023.

ALMEIDA, S. L. Racismo estrutural. Belo Horizonte: Letramento, 2018.

BARÉ, S. Trajetória e memória coletiva de infância de Suliete Baré. In BANIWA, Braulina. KAINGANG, Jozileia. TREMEMBÉ, Lucinha. (orgs.). Vivências Diversas: uma coletânea de indígenas mulheres. 1. ed. São Paulo: Hucitec, 2020.

BERNARDINO-COSTA, Joaze, BORGES, Antonádia. Um projeto decolonial antirracista: ações afirmativas na pós-graduação da Universidade de Brasília. Educação & Sociedade, V. 42, p. 1 -18. 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1590/ES.253119. Acesso em: jan/2023. DOI: https://doi.org/10.1590/es.253119

BHABHA, H. K. O local da cultura. Trad. Myriam Ávila, Eliana Lourenço de Lima Reis, Gláucia Renate Gonçalves. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.

BIZERRIL, G. R.; IBARRA, E. del S. R. Eventos acadêmicos indígenas na UnB sob a perspectiva da interculturalidade crítica. Revista de Estudos em Relações Interétnicas, v. 22, n. 1, jan./abr. 2019.Disponível em: file:///C:/Users/Gerli/Downloads/admin,+document+(11)%20(3).pdf. Acesso em: dez/2022. DOI: https://doi.org/10.26512/interethnica.v22i1.11305

BOAVENTURA, S. S. MENESES, M. P. Epistemologias do Sul. Coimbra. Alme dina, 2009.

CARNEIRO, Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. Tese (Doutorado em Filosofia da Educação). São Paulo, Universidade de São Paulo: FEUSP, 2005. Disponível em: https://repositorio.usp.br/item/001465832 Acesso em: fev/2022.

CARVALHO, J. J de. Usos e Abusos da Antropologia em um contexto de tensão racial: o caso das cotas para negros na UnB. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 11, n. 23, p. 237-246, jan/jun 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ha/a/CTbp9g7xxJcFrHDzTBt63WP/ . Acesso em: jun/2021. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-71832005000100018

CASTRO-GÓMEZ, Santiago. Decolonizar la universidad. La hybris del punto cero y el diálogo de saberes. In: CASTRO-GÓMEZ, Santigao, Rámon; GROSFOGUEL (Org.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores, 2007.

COSTA, A. R. A Escolarização do corpus negro: processos de docilização e resistência nas teorias e práticas pedagógicas no contexto de ensino-aprendizagem de artes cênicas. Jundiaí: Paco, 2018.

GERSEM BANIWA, L. dos S. O índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/Museu Nacional, 2006.

GOMES, Nilma Lino. Movimento Negro e educação: ressignificando e politizando a raça. Educação e Sociedade, Campinas, v. 33, n. 120, p. 727-744, jul.-set. 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/es/a/wQQ8dbKRR3MNZDJKp5cfZ4M/?format=pdf&lang=pt Acesso em: ago/2022 DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-73302012000300005

GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural de amefricanidade. Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, no. 92/93, p. 69-82, 1988.

KILOMBA, Grada. Memórias da Plantação: Episódios de Racismo Cotidiano. Trad. Jess Oliveira. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.

LISBOA, J. F. K. Acadêmicos indígenas em Roraima e a construção da interculturalidade indígena na universidade: entre a formação e a transformação. 2017. 299 f., il. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Universidade de Brasília, Brasília, 2017. Disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/24109 Acesso em: jun/2021. DOI: https://doi.org/10.53268/BKF22010300

MOEHLECKE, S. Ação Afirmativa: história e debates no Brasil. Cadernos de Pesquisa, v. 117, p. 197-217, nov. 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cp/a/NcPqxNQ6DmmQ6c8h4ngfMVx/abstract/?lang=pt Acesso em: jan/2022. DOI: https://doi.org/10.1590/S0100-15742002000300011

MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra. Petrópolis: Editora Vozes, 1999.

MUNANGA, Kabengele; GOMES, Nilma. O negro no Brasil de Hoje. São Paulo: Global, 2006.

PASSOS, M. C. A. dos; PINHEIRO, B. C. S. Do epistemicídio à insurgência: o currículo decolonial da Escola Afro-Brasileira Maria Felipa (2018-2020). Vol 07, N. 01 - Jan. - Mar., 2021. Disponível em: https://portalseer.ufba.br/index.php/cadgendiv Acesso em: fev/2023. DOI: https://doi.org/10.9771/cgd.v7i1.43442

PIRATAPUYA, Alcineide. Memória: vivências coletivas da Nigó, entre ser do território e universitária. In.:____. BANIWA, Braulina. KAINGANG, Jozileia. TREMEMBÉ, Lucinha. (orgs.). Vivências Diversas: uma coletânea de indígenas mulheres. 1. ed. São Paulo: Hucitec, 2020.

QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder e classificação social. In: SANTOS, B. de S., MENESES, M. P. Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010.

SERENA, V. Cresce a procura de indígenas pelo vestibular da UnB. 2019. Disponível em: https://noticias.unb.br/67-ensino/2807-cresce-procura-de-indigenas-pelo-vestibular-da-unb. Acesso em dez/2021.

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA. Resolução do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão nº 0044/2020. Dispõe sobre a política de ações afirmativas para estudantes negros/negras, indígenas e quilombolas nos cursos de pós-graduação da Universidade de Brasília. Boletim de Atos e Ofícios da UnB, Brasília, 12 jun. 2020b. Disponível em: http://www.posgea.unb.br/formularios/RESOLUCAO%20CEPE%20044-2020%20-%20ACOES%20AFIRMATIVAS.pdf Acesso em: out/2021.

VOLPE, Ana Paula Sampaio, SILVA, Tatiana Dias. Relatório de Pesquisa: reserva de vagas para negros na administração pública. IPEA: Brasília, 2016. Disponível em: https://repositorio.ipea.gov.br/handle/11058/7461 Acesso em: nov/2021.

WALSH, Catherine. Interculturalidade crítica e pedagogia decolonial: in-surgir, re-surgir e re-viver. In: CADAU, Vera Maria (Org.). Educação Intercultural na América Latina: entre concepções, tensões e propostas. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2009.

Downloads

Publicado

2024-05-12

Como Citar

Neves, P. F. de A. C., & Silva, A. T. R. da. (2024). TRAJETÓRIA FORMATIVA DE MULHERES-ESTUDANTES INDÍGENAS NA UNIVERSIDADE BRASÍLIA. Revista De Estudos Interdisciplinares , 6(1), 01–26. https://doi.org/10.56579/rei.v6i1.656

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.