A DITADURA MILITAR BRASILEIRA CONTRA O POVO SATERÉ-MAWÉ DA AMAZÔNIA

Resumo

O artigo é uma pesquisa colaborativa entre um pesquisador Sateré-Mawé/AM, pesquisadoras/es não-indígenas e anciãs/anciões do povo Sateré-Mawé da Terra Indígena Andirá-Marau, no Estado do Amazonas. A principal meta foi investigar os impactos da ditadura militar brasileira sobre os indígenas Sateré-Mawé, do Estado do Amazonas, no Norte do Brasil, a partir de três categorias ancestrais de tratamento: os rituais, as rezas e as caçadas. Os pressupostos teórico-metodológicos ancorados à decolonialidade (e sua antítese anti-decolonialidade) orientaram a nossa análise metodológica. Os resultados sugerem que os Grandes Projetos de Investimentos (GPIs), que têm em si um teor desenvolvimentista, foram realizados no âmbito do regime militar (1964-1985) e apenas concorreram para a geração de efeitos controversos, se não negativos, à etnia amazônica em destaque. Esses GPIs foram uma ação geopolítica universal, em plena Guerra Fria, então impetrada pelos EUA e os seus aliados, em diferentes graus em todo o planeta. A imposição atingiu ao Brasil e mais especificamente aos indígenas das terras baixas da América do Sul que adensam a Amazônia Central brasileira. Concluímos que os Sateré-Mawé foram impactados de modo amplo por causa das ações dos governos militares do Brasil, o que gerou imensos problemas aos nativos do bioma. Isso, inclusive, foi um alto fator determinante para frear supostas ações de reconstrução de indianidades amazônicas segundo bases decoloniais, que serviriam para enfrentar os vários apagamentos históricos promovidos pelo regime.