MAPEAMENTO DA LITERATURA INFANTO-JUVENIL NEGRA NAS BIBLIOTECAS DE ESCOLAS PÚBLICAS DO RN
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Bibliotecas Escolares; Educação Étnico-Racial; Literatura Negra.Resumo
Este trabalho é um recorte dos resultados da pesquisa intitulada "Da possibilidade da
criança negra se ver representada: um estudo sobre as bibliotecas e os empréstimos de livros de
literatura infanto-juvenil negra em escolas do RN central” e tem como objetivo analisar o
mapeamento feito das obras literárias, agregando reflexões acerca dos percentuais obtidos
frente ao quantitativo de livros presentes nos ambientes literários nas bibliotecas escolas. O
referencial teórico tem base nos estudos decoloniais e interculturais, a partir de autores como:
Candau (2008), Fanon (2008), Gomes (2006), Mignolo (2005), Quijano (2007), Walsh (2009)
e nos estudos críticos e emancipatórios (FREIRE, 2000; SANTOS, 2007) e, ainda, nos discursos
afirmativos tendo em vista o fortalecimento da representatividade infantil na produção literária
(MARTINS & GOMES, 2010). Para construção dos dados foi utilizada a metodologia da
análise temática, no âmbito da Análise de Conteúdo (BARDIN, 1977), entendendo esta como
um instrumento que auxilia no processo de significações dos objetos e fenômenos investigados.
A partir dos dados obtidos quando do levantamento de obras, foi elaborado um mapeamento
com a contabilidade das obras existentes nas biblioteca. A primeira biblioteca investigada (B1)
dispõe de um acervo total, no campo da literatura infanto-juvenil, de 2.864 obras, dispondo,
desse total, de 58 obras de literatura negra. Na segunda biblioteca (B2), foram contabilizadas
2.521 obras de literatura infanto-juvenil, sendo 70 obras caracterizadas como literatura negra.
Na terceira biblioteca (B3) foram 4.024 obras de literatura infanto-juvenil, com 37 obras
consideradas de literatura negra. A quarta biblioteca escolar (B4), possui 2.508 obras de
literatura infanto-juvenil, das quais 50 obras são de literatura negra. Observando tais resultados,
é possível inferir algumas compreensões: as bibliotecas mapeadas apresentam uma escassez de
literatura negra, um pouco mais de 2%, em relação a totalidade de obras existente, isso acentua
as condições históricas de silenciamento do trabalho com as questões afro-brasileiras,
contribuindo para segregar a representação infantil e juvenil do povo negro. Dessa condição
comparativa também inferimos a necessidade de ampliação desse acervo, de forma que
possibilite mais práticas de leitura sobre a história e cultura negra, de forma a minimizar a
hegemonia e predominância eurocêntrica. Concluímos que o acervo de literatura negra, se
comparado às obras de literatura predominantemente branca, há um flagrante desequilíbrio. É
necessário que as crianças consigam o acesso a literatura étnico-racial, caso contrário, as reflexões sobre representatividade e racismo, tão necessários na sociedade atual, continuarão a
ser inibidas sob as marcas do colonialismo literário e identitário.