O MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO DE BASE EM SERGIPE (1959 – 1970)

Resumo

O presente resumo tem como objetivo elucidar as ações do Movimento de Educação de Base (MEB) para a alfabetização de jovens e adultos em Sergipe junto à Rádio Cultura de Sergipe, ambas fundadas por Dom José Vicente Távora, Arcebispo Metropolitano de Aracaju. Sendo resultado de uma dissertação denominada Os Processos Socioeducacionais do MEB na Rádio Cultura de Sergipe: 1959 – 1970, defendida em 2022, o marco temporal inicia em 1959 – ano de criação da Rádio Cultura e de início das ações de alfabetização através das escolas radiofônicas. Perpassando por 1961, ano de criação do MEB. Em seu ápice durante 1963 por utilizar o método de alfabetização Freiriano (1987) através da cultura e educação popular conceituados por Fávero (1983), desenvolvendo a criticidade dos alunos por meio de questionamentos feitos com base no universo vocabular dos alunos. O MEB era a construção educacional feita com os alunos, para os alunos e dos alunos, tudo com base em sua cultura. Nesse ano, 13.386 pessoas foram alfabetizadas em Sergipe pelo MEB (MEB, 1972). Com o declínio em 1966 por conta do Golpe Militar de 1964 que acarretou em problemas financeiros, desestruturação organizacional e fechamento dos maiores sistemas radiofônicos e distanciamento das ações politizadoras. Chegando a 1970, ano da morte de Dom Távora, o
Movimento passa a oferecer assessoria ao Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) e ao Projeto Minerva via Rádio. Utilizamos a metodologia de análise documental e bibliográfica para concluir que o MEB foi responsável pela ampliação no número de alfabetizados no Brasil e em Sergipe, principalmente no período anterior à Ditadura Militar. Sendo um marco na história da educação sergipana por utilizar o rádio como meio de transmissão das aulas. Além disso, o MEB foi importante para a disseminação da cultura popular num período de instabilidade política, onde foi possível ampliar a base eleitoral brasileira e fazer milhares de adultos, que estavam localizados principalmente longe das capitais, questionarem a realidade em que estavam envoltos, lutando pela liberdade e percebendo que são capazes de gerar mudanças.