A RESISTÊNCIA NA LITERATURA
A LUTA PELA HUMANIZAÇÃO EM ALMA, DE ITAMAR VIEIRA JUNIOR
Visualizações: 349DOI:
https://doi.org/10.56579/rei.v5i3.609Keywords:
Literatura contemporânea, Temática étnico-racial, Mulher negra, ResistênciaAbstract
A literatura, por meio de sua expressão simbólica, descortina temas que comportam violência humana de natureza diversa. Assim, mediante pesquisa qualitativa-exploratória de viés bibliográfico, objetivamos analisar o conto intitulado Alma, de Itamar Vieira Junior, inserido na coletânea Doramar ou A Odisseia: histórias (2021), no intuito de verificar não só como a narradora-protagonista descreve sua condição de escrava em que vivia antes de ter armado contra a vida de seus senhores brancos como também o percurso fugitivo dessa mulher, de modo a destacar o processo de luta pela liberdade. Teoricamente, utilizamos estudos de autores como Evaristo (2005), Ribeiro (2016), Beauvoir (2016) e Kilomba (2008). Realizadas as análises, constatamos que a personagem se descreve, no primeiro momento, como uma mulher que vive à deriva do processo político e social porque se encontra presa aos “donos” de sua própria vida, ou seja, a seus senhores, estes sendo, inclusive, os responsáveis por maus-tratos e discursos de ódio, racistas, à escrava; no segundo momento, vislumbramos, por sua vez, uma personagem mais decidida quanto à vida que desejaria ter, sobretudo em virtude de sua vontade de ser livre, anseio que a motiva a planejar o envenenamento de seus próprios senhores, a fim de se libertar do espaço onde, por muito tempo, fora vítima da exacerbação de múltiplas violências.
Downloads
References
BEAUVOIR, Simone de. O Segundo Sexo: Fatos e Mitos. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2016a.
BEAUVOIR, Simone de. O Segundo Sexo: A Experiência Vivida. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2016b.
CARA, Daniel. Contra a barbárie, o direito à educação. In: CÁSSIO, Fernando (Org.). Educação contra a barbárie: por escolas democráticas e pela liberdade de ensinar. São Paulo: Boitempo, 2019, p. 25-33.
CLEAGE, Pearl. Deals with the Devil and Other Reasons to Riot. New York, Ballantine Books, 1993.
EVARISTO, Conceição. Da representação à auto-apresentação da Mulher Negra na Literatura Brasileira. Revista Palmares, v. 1, n. 1, p. 52-57, 2005.
FORMIGA, Girlene Marques; INÁCIO, Francilda Araújo. Clube de leitura na formação de professores-leitores: saberes partilhados para mediar o processo de educação literária. Revista Leia Escola. v. 22, n. 2. p. 155-170, 2022.
FREITAS, Marcel de Almeida. O cotidiano afetivo-sexual no Brasil colônia e suas consequências psicológicas e culturais nos dias de hoje. Ponta de Lança: Revista Eletrônica de História, Memória & Cultura, v. 5, n. 9, p. 53-58, 2011.
FRIEDMAN, Norman. O ponto de vista na ficção: o desenvolvimento de um conceito crítico. Revista USP, n. 53, p. 166-182, 2002. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i53p166-182
KILOMBA, Grada. Plantation memories: episodes of everyday racism. Berlim: Unrast, 2008.
PAULA, Marise Vicente de. De escrava à empregada doméstica: o fenômeno da (in) visibilidade das mulheres negras. Revista Latino-americana de geografia e Gênero, v. 3, n. 2, p. 155-164, 2012. DOI: https://doi.org/10.5212/Rlagg.v.3.i2.155164
PROENÇA FILHO, Domício. A trajetória do negro na literatura brasileira. Estudos avançados, v. 18, n. 50, p. 161-193, 2004. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-40142004000100017
RIBEIRO, Djamila. Feminismo negro para um novo marco civilizatório. SUR, v. 24, p. 99-104, 2016.
RIBEIRO, Matilde. Relações Raciais nas Pesquisas e nos Processos Sociais: em busca de visibilidade para as mulheres negras. In: VENTURI, Gustavo et al. (org.). A mulher brasileira nos espaços público e privado. 1. ed. São Paulo: editora da Fundação Perseu Abramo, 2004.
SANTOS, Sonia Beatriz dos. Feminismo negro diaspórico. Revista Gênero, v. 8, n. 1, 2007.
WALKER, Alice. In Search of Our Mothers’ Gardens. New York, Harcourt, Brace Jovanovich, 1983.
VIEIRA JUNIOR, Itamar. Doramar ou a odisseia: Histórias. São Paulo: Todavia, 1. ed. 2021.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
The Journal of Interdisciplinary Studies adopts the Creative Commons Attribution 4.0 International License (CC BY 4.0), which allows for sharing and adapting the work, including for commercial purposes, provided proper attribution is given and the original publication in this journal is acknowledged.