COMBATER O ANALFABETISMO E DEFENDER A PÁTRIA? A ACADEMIA MANOEL VICTORINO (BAHIA, 1919-1929)

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Autores

  • Raquel Freire Bonfim Universidade Estadual de Santa Cruz

Palavras-chave:

História da Educação, Academia Manoel Victorino, Bahia, Analfabetismo

Resumo

A associação literária Academia Manoel Victorino (AMV) será analisada neste estudo, devido seu discurso nacionalista e sua atuação na capital da Bahia, no final da década de 1910 até os anos vinte, desenvolvendo iniciativas informais e formais de educação das massas. Compreendendo as implicações ideológicas que possuem os ideários ditos “patrióticos” na construção de imaginários e projetos em torno da escola, nos preocupamos em identificar os fins político-educacionais que a baseavam. O trabalho orientou-se pelos princípios do paradigma indiciário de Carlo Ginzburg (1989), enquanto a análise das fontes adotou como referencial a análise do discurso de Michel Foucault (1996). Para compreendermos a difusão dos discursos nacionalistas nos amparamos em uma intersecção a partir das formulações de Benedict Anderson (2008) e Eric Hobsbawm (1990). Metodologicamente, desenvolvemos uma pesquisa exploratória, de cunho documental, cujo principal lócus de coleta foi a Hemeroteca Digital Brasileira (HDB-FBN) e o Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, onde se encontram documentos oficiais da AMV. Desde as primeiras décadas do século XX, uma série de associações, ligas e partidos se envolveram na efetivação de toda uma “pedagogia da nacionalidade” (GOMES, 2009). No Brasil, especialmente, após a Primeira Guerra Mundial, esse processo se intensificou, tendo como símbolo deste fenômeno a fundação da Liga de Defesa Nacional (LDN), em 1916 (ALMEIDA, 2018). Na Bahia, a Academia Manoel Victorino (1919-1929) representou a defesa de um discurso cívico-patriótico, voltado para ações de cunho pedagógico através da imprensa e de iniciativas propriamente escolares, adotando como retórica identificadora o combate ao analfabetismo (A MANHÃ, Salvador, n. 43, 28/05/1920; GIL-BLAS, Rio de Janeiro, n. 77, 19/07/1920; ACADEMIA MANOEL VICTORINO, Ofício, 10/08/1919). Diversas notícias e documentos oficiais atestam subvenções do poder público para que a Academia mantivesse suas “aulas”, nos conduzindo a depreender uma anuência do Estado com seu programa de ação; os documentos produzidos pela Academia, por sua vez, nos levam a perceber certos traços de chauvinismo, autoritarismo e militarismo misturados a um ideal de educação patriótica. As problemáticas atuais, em que ações e discursos semelhantes voltam à pauta (dados os descontos de suas particularidades contextuais), impulsionam o movimento de descortinamento dos mecanismos pelos quais projetos que cerceiam o caráter democrático da educação ganham espaço no debate público. Este trabalho apresenta uma parte do processo de investigação que orienta o projeto de pesquisa na área de História de Educação apresentado ao Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Educação, da Universidade Estadual de Santa Cruz (PPGE/UESC) e resulta das pesquisas desenvolvidas no Grupo de Pesquisa em Política e História da Educação (GRUPPHED/UESC).

Biografia do Autor

Raquel Freire Bonfim, Universidade Estadual de Santa Cruz

Mestranda em Educação (PPGE/UESC). Integrante do Grupo de Pesquisa em Política e História da Educação – GRUPPHED, Universidade Estadual de Santa Cruz. Bolsista PROBOL/UESC.

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Publicado

2023-08-27

Como Citar

Bonfim, R. F. (2023). COMBATER O ANALFABETISMO E DEFENDER A PÁTRIA? A ACADEMIA MANOEL VICTORINO (BAHIA, 1919-1929). ANAIS DO SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA E EDUCAÇÃO, 2, 146–147. Recuperado de https://revistas.ceeinter.com.br/anaisseminariodehistoriaeeducaca/article/view/967

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