NEOMALTHUSIANISMO E EDUCAÇÃO SEXUAL NA IMPRENSA OPERÁRIA ANARQUISTA EM SÃO PAULO (1897-1935)

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Autores

  • Samira Martins Universidade de São Paulo - USP

Palavras-chave:

Movimento Operário, Anarquismo, Teorias raciais, Neomalthuisianismo, História da Educação

Resumo

A presente pesquisa tem por objetivo analisar os discursos dos militantes anarquistas sobre neomalthusianismo e educação sexual que circularam na imprensa operária anarquista em São Paulo, na Primeira República (1890-1930). As principais indagações levantadas são como a militância anarquista se apoiou no neomalthusianismo e no discurso científico para promover educação sexual dos trabalhadores e qual o propósito que eles visavam alcançar a partir dessas diretrizes educativas? Para isto, partimos dos periódicos produzidos pelo movimento operário anarquista que circularam em São Paulo na Primeira República (1890-1930). Consideramos que os militantes anarquistas adotaram estratégias educativas plurais para divulgar, legitimar ou corrigir o curso das experiências dos trabalhadores – e a imprensa operária serviu de veículo para educar a população pobre (GILGIO, 2019).  Na metodologia de análise, considero as orientações de Barros (2019) ao apontar que, para nos aproximarmos dos jornais como fonte histórica, devemos atentar para a forma impressa; a periodicidade; a publicização; a materialidade; a produção, circulação e leitura; e a polifonia dos periódicos. Em relação aos caminhos teórico-metodológicos, operamos com os conceitos de “experiência” e “cultura” de Thompson (1981). Na gênese do movimento anarquista em São Paulo havia um plano de práticas e uma pedagogia política que tinha por objetivo educar a classe operária em formação. Seixas (1995) esclarece que esse plano teve como base as matrizes teóricas positivistas e darwinistas sociais vindas da Europa. No ideal anarquista, o capitalismo e o Estado encarnavam os obstáculos ao desenvolvimento do indivíduo e da sociedade libertária, enquanto que a revolução seria uma exigência natural para alcançar a sociedade ideal (SEIXAS, 1995). Os militantes anarquistas adotaram a ciência devido a seu caráter emancipatório, visto que servia de base para o combate aos mitos religiosos e para a transformação da realidade social e natural (MOLERO-MESA; JIMÉNEZ-LUCENA; TEBERNERO-HOLGADO, 2018). É a partir da ciência e da razão que as decisões políticas deveriam ser tomadas e não por uma imposição autoritária. Desse modo, essas concepções levariam a uma apropriação do discurso científico e do neomalthusianismo A militância anarquista era partidária do ideal neomalthusiano que propunha a redução da natalidade combinada com a noção de degenerescência. (NASH, 1984).  Número reduzido de filhos significava que as crianças seriam bem gestadas, alimentadas e educadas graças à atenção constante da mãe. Assim, bom nascimento, boa formação e boa educação transformariam a sociedade, uma vez que, era necessária a geração de filhos sadios para a formação dos futuros revolucionários. Entre as diretrizes educativas expressas nos jornais operários podemos citar a gestão individual da sexualidade, o uso de métodos contraceptivos e o controle populacional.  Considerando que a pesquisa ainda se encontra em andamento, a investigação indicou que o movimento operário anarquista, de forma criativa e contraditória, se apoiou no neomalthusianismo e no discurso científico para promover a educação sexual dos trabalhadores, tendo por objetivo servir de ferramenta emancipatória para a transformação social e formação dos futuros revolucionários.

Biografia do Autor

Samira Martins, Universidade de São Paulo - USP

Mestranda em Educação, USP. Grupo de Estudos História da Educação: sujeitos, instituições e práticas (Brasil, séculos XIX-XX).

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Publicado

2023-07-16

Como Citar

Martins, S. (2023). NEOMALTHUSIANISMO E EDUCAÇÃO SEXUAL NA IMPRENSA OPERÁRIA ANARQUISTA EM SÃO PAULO (1897-1935). ANAIS DO SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA E EDUCAÇÃO, 2, 04–06. Recuperado de https://revistas.ceeinter.com.br/anaisseminariodehistoriaeeducaca/article/view/694

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