OS TRABALHADORES DOS CAPS NA PANDEMIA DE COVID-19: ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO E DEFESA À LUZ DA PSICODINÂMICA DO TRABALHO

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Autores

  • Aline Pereira Soares
  • Vanessa Ruffatto Gregoviski
  • Janine Kieling Monteiro

Palavras-chave:

Pandemia; Coronavírus; Saúde do Trabalhador; Psicodinâmica do Trabalho; Centro de Atenção Psicossocial.

Resumo

A COVID-19 promoveu rupturas na normalidade das vidas e gerou mudanças abruptas nas relações dentro e fora do ambiente de trabalho. Entende-se, ainda, que os impactos na execução de Políticas Públicas é inegável, refletindo em todos os atores que fazem parte desse processo. No cenário brasileiro, restrições impactam o cotidiano com o intuito de conter a disseminação do vírus. Entre elas está o distanciamento social, que influencia a forma de cuidado aos pacientes com transtornos mentais. Os serviços essenciais, como os dos Centros de Atenção Psicossociais (CAPS), depararam-se com a interrupção dos atendimentos presenciais e perda de seus espaços mais potentes: grupos e oficinas. O trabalho pode desencadear experiências de sofrimento e de prazer, a depender da interpretação dada pelos trabalhadores às suas vivências, da relação com a Organização do Trabalho (como ambiente coercitivo, ou como ambiente que possibilita negociações), e das estratégias de mediação utilizadas diante do sofrimento. Sobre tais estratégias, sinaliza-se que as defensivas atuam minimizando o sofrimento psíquico, porém se mostram pouco eficazes na criação de soluções aos problemas, ocasionando maior risco de adoecimento. Enquanto isto, as de enfrentamento, ou seja, aquelas em que o sofrimento se torna criativo e é capaz de ser ressignificado, podem auxiliar no desenvolvimento de mudanças no contexto laboral e, consequentemente, promover saúde mental aos sujeitos. Desse modo, objetivou-se identificar, à luz da teoria da Psicodinâmica do Trabalho, quais estratégias de mediação do sofrimento estão sendo utilizadas por profissionais atuantes em CAPS durante a pandemia. Esse é um estudo qualitativo, transversal e exploratório. Utilizaram-se como instrumentos uma entrevista semiestruturada, grupal e online, e um questionário sociodemográfico. Houve a participação de quatro trabalhadores que atuam em CAPS, selecionados por conveniência, sendo duas enfermeiras, uma técnica de enfermagem e um educador físico. Todos atuavam na região metropolitana de Porto Alegre (Rio Grande do Sul), e tinham de oito meses a quatro anos de inserção profissional. Nos resultados foram identificadas algumas estratégias defensivas, sendo elas: medicação para controle de sintomas psiquiátricos e afastamento laboral. Ademais, percebeu-se o enfrentamento nas seguintes estratégias: busca de suporte em suas redes de apoio, criação de espaços coletivos para reflexões acerca do momento e busca por qualificação profissional para enfrentar as adversidades relacionadas à pandemia. Coloca-se a percepção de que a busca de terapias alternativas ora atuou minimizando o sofrimento como forma de defesa, ora ressignificando-o. Assim, salienta-se a importância da realização de pesquisas que abordem a saúde do trabalhador na Pandemia, assim como o trabalho na Rede de Atenção Psicossocial, subsidiando novas estratégias de cuidado aos trabalhadores e consolidando uma política de cuidado a esses sujeitos. Também é percebida a necessidade de uma agenda de pesquisa que investigue como esses impactos se refletem na consolidação da Política de Saúde Mental e no cuidado aos usuários desses serviços. Sugere-se ainda, a criação de espaços de escuta e de troca coletiva, onde esses trabalhadores possam trazer suas preocupações cotidianas, fomentando o protagonismo, a cooperação e a busca conjunta de soluções, a fim de reduzir o risco de adoecimento mental no trabalho.

Biografia do Autor

Aline Pereira Soares

Mestranda do curso de Psicologia, pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, campus São Leopoldo. Pesquisa sobre saúde mental e trabalho.

Vanessa Ruffatto Gregoviski

Doutoranda em Psicologia, pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, campus São Leopoldo. Pesquisa sobre saúde mental, trabalho e migração. 

Janine Kieling Monteiro

Doutora em Psicologia, professora dos cursos de Pós-Graduação em Psicologia e Enfermagem, pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Pesquisa sobre  Saúde mental e trabalho. 

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Publicado

2022-03-11

Como Citar

Pereira Soares, A. ., Ruffatto Gregoviski, V. ., & Kieling Monteiro, J. . (2022). OS TRABALHADORES DOS CAPS NA PANDEMIA DE COVID-19: ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO E DEFESA À LUZ DA PSICODINÂMICA DO TRABALHO. ANAIS DO SEMINÁRIO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E INTERSECCIONALIDADES, 1(1), 8–9. Recuperado de https://revistas.ceeinter.com.br/anaisseminariodepoliticaspublica/article/view/284

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