A VALORIZAÇÃO DA CULTURA DISCENTE NA CONSTRUÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO EMANCIPADORA

Resumo

Este trabalho investiga a importância da valorização da cultura do estudante na construção de uma educação emancipatória em um contexto marcado por rápidas transformações sociais e tecnológicas. Procuramos compreender que a cultura do aluno, frequentemente ignorada ou desvalorizada no ambiente escolar tradicional, é um elemento singular com potencial para enriquecer o processo de ensino e aprendizagem. A metodologia adotada foi a revisão bibliográfica, a qual permitiu analisar criticamente a produção acadêmica sobre o tema e construir uma base teórica sólida para a discussão. Este trabalho examina o conceito de “cultura” a partir de uma perspectiva ampla, indo além de definições simplistas que a reduzem ao patrimônio histórico-artístico de um grupo social. A cultura, como demonstrado por autores como Cuche (1999), Eagleton (2005) e Eliot (2012), é um conjunto complexo de significados, valores, crenças e práticas que moldam a identidade e as interações sociais dos indivíduos. A partir dessa compreensão abrangente, analisamos a cultura presente no ambiente escolar, destacando sua influência na formação dos estudantes e nas relações entre os membros da comunidade escolar. A escola, como organização social, desenvolve uma cultura própria – a cultura escolar – que se manifesta nas normas, nos valores, nos rituais, nos símbolos e nas práticas pedagógicas. Essa cultura escolar, por sua vez, interage com a cultura externa, incluindo a cultura nacional, o sistema de ensino e as culturas individuais dos alunos. O estudo, partindo do referencial teórico de Barroso (2013) e Silva (2006), diferencia os conceitos de “cultura escolar” e “cultura da escola”, enfatizando a importância de se reconhecer a dinâmica e a complexidade das relações culturais no ambiente escolar. Com base na obra de Bourdieu (1998) e Bonamino et al. (2010), discutimos os conflitos que surgem do embate entre a cultura escolar, frequentemente eurocêntrica e elitista, e a cultura do aluno, proveniente de suas experiências e vivências em diferentes contextos sociais. Assim, compreendemos que a desvalorização da cultura do aluno, especialmente daqueles oriundos de classes populares, contribui para a perpetuação de desigualdades educacionais. Diante da necessidade de se construir uma educação mais justa e inclusiva, o trabalho explora a Pedagogia Culturalmente Relevante (PCR), desenvolvida por Gloria Ladson-Billings (1995), como um caminho para valorizar a cultura do aluno e integrá-la ao processo de ensino e aprendizagem. A PCR, com seus três princípios fundamentais – excelência acadêmica, competência cultural e consciência sociopolítica –, propõe uma ressignificação da prática pedagógica, rompendo com o modelo tradicional que ignora ou desvaloriza a cultura do aluno. Dessa forma, concluímos que a cultura do aluno é um elemento fundamental para a construção de uma educação emancipatória. A PCR, com sua ênfase na valorização da cultura e da identidade do aluno, oferece um caminho para superar as desigualdades e promover o desenvolvimento integral dos estudantes. A pesquisa sugere a necessidade de adaptar a PCR à realidade brasileira, considerando a riqueza e a diversidade cultural do país, a fim de construir uma educação mais justa, inclusiva e relevante para todos os alunos.