DESAFIOS E POSSIBILIDADES DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA ALFABETIZAÇÃO BRASIL-BOLÍVIA: UMA ABORDAGEM DECOLONIAL
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Práticas Pedagógicas, Decolonial, Educação na FronteiraResumo
Este trabalho emerge da pesquisa em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEdu) da Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT/Cáceres/MT, intitulada "Alfabetização na Faixa de Fronteira Brasil/Bolívia: Interculturalidade e Práticas Pedagógicas Bilíngues". O estudo ocorre em região de fronteira entre Brasil e Bolívia desenvolve nas Escolas Municipais Nossa Senhora Aparecida Cáceres/MT (Brasil) e na Unidade Escolar Cristóbal Colón, em San Mathias/SC (Bolívia) ambas localizadas na zona rural dos países. Neste contexto, busca-se problematizar as práticas pedagógicas adotadas nas escolas, localizadas na faixa de fronteira entre Brasil e Bolívia, realmente atendem às necessidades dos estudantes bilíngues de ambos os países em contextos interculturais. Para compreender este fenômeno, foram adotadas estratégias teórico-metodológicas que visam alcançar os objetivos propostos. Realizou-se um levantamento bibliográfico conforme os estudos de Moroz e Gianfaldoni (2006), contribuindo no processo investigativo ao delimitar o campo de interesse e contribuir para um possível quadro teórico-metodológico. O mapeamento ocorreu entre janeiro e março de 2024, utilizando o Banco de Teses e Dissertações da CAPES, resultando em sete produções pertinentes à temática entre teses e dissertações desenvolvidas de 2012 a 2020. Além disso, será realizado o levantamento de documentos educacionais oficiais do Setor Educacional do Mercosul, abrangendo o sistema educacional Brasil/Bolívia e os projetos político-pedagógicos (PPP, 2024) para evidenciar políticas educacionais vigentes que fomentam a construção de currículos interculturais bilíngues, identificando intersecções culturais e lacunas na elaboração do currículo. Na pesquisa de campo, serão empregadas observação e entrevistas semiestruturadas com professores do 1° ao 3° ano do ensino fundamental em ambas as escolas. Abordamos perspectiva decolonial como fundamentação analítica, com contribuições teóricas dos seguintes autores Aníbal Quijano (2005), que discute a "colonialidade do saber" e como o eurocentrismo permeia as ciências sociais, perpetuando relações de poder desiguais, Catherine Walsh (2007), que aborda a "Interculturalidade e colonialidade do poder", enfatizando a necessidade de uma nova forma de pensar que transcenda o capitalismo global e confronte as hegemonias ocidentais. Partindo deste pressuposto, a adoção de uma perspectiva intercultural na educação implica reconhecer e valorizar as diversas formas de conhecimento e identidade, construindo um paradigma alternativo que desafia as estruturas coloniais vigentes (Walsh, 2007). A pesquisa visa compreender as práticas pedagógicas, contribuindo para desconstrução de aspectos fortemente configuradores da cultura escolar vigente e a promoção de uma educação em direitos humanos na perspectiva intercultural (Candau, 2012). Para esta desconstrução, é essencial adotar a perspectiva decolonial, pois ao estabelecer aspectos dissonantes questiona-se os padrões de poder e conhecimento que ainda impactam as dinâmicas sociais e educacionais contemporâneas. Esta pesquisa poderá contribuir com o adensamento de reflexões acadêmicas, sociais e políticas acerca dos desafios presentes à educação e aos processos de alfabetização em faixas de fronteira