A taxonomia dos mais-que-animais
Uma análise crítica animal dos discursos trans-patologizantes
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Despatologização, Animalização, Re-animalização, Queer, TransgeneridadeRésumé
No intuito de construir uma ponte entre os feminismos decoloniais e os estudos críticos animais, apresentamos neste estudo a “Taxonomia dos Mais-que-animais”, uma divisão taxonômica irônica criada com base em características bioculturais hegemônicas dos seres humanos, aqui exemplificadas pela homo/transfobia, mas com potencial discursivo para se expandir em outras características segregantes semelhantes. Esta divisão separa os zoo-seres em três categorias: Animais, Re-animais e Mais-que-animais, e servirá como uma metáfora para demonstrar a forma com a qual as pessoas não-cisgêneras são atravessadas por um processo de “Re-animalização” através do status de patologia designado pelos órgãos internacionais de medicina. Para tanto, foi realizada uma análise do discurso subjacente aos textos sistematizadores de diagnóstico: A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID - 11), e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM - 5). Com o auxílio da metáfora da taxonomia dos mais-que-animais, foi possível identificar e explicitar os mecanismos sociais e discursivos que subalternizam as pessoas não-cisgêneras por meio de retóricas médicas, que, por sua vez, produzem e reforçam preconceitos e legitimam políticas públicas violentas em um contexto mundial.