EDUCANDO PARA A DIVERSIDADE
UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM CONCURSO DE LEITURA
Visualizações: 16Palavras-chave:
Diversidade, educação básica, ensino de História, inclusão, prática docenteResumo
O presente trabalho relata a experiência do 1º Concurso de Educação Étnico-Racial nas Escolas, realizado entre agosto e novembro de 2022, em 32 unidades escolares de uma rede privada do Rio de Janeiro, como parte das atividades de estágio obrigatório do autor. O concurso, alinhado às leis nº 10.639/03 e 11.645/08, buscou enfrentar o epistemicídio ainda presente nos currículos escolares ao promover reflexões e produções culturais que valorizassem histórias e culturas afro-brasileiras e indígenas. Dividido em cinco etapas — inscrição, leitura, produção, avaliação e culminância —, o projeto mobilizou estudantes e educadores em atividades híbridas, envolvendo leitura de obras com protagonismo não-branco e produções nos formatos de texto, audiovisual e artes visuais. As melhores produções foram definidas por cada direção de unidade, compiladas em um e-book e destacadas em uma exposição virtual, culminando em uma premiação nacional e uma mesa-redonda sobre diversidade étnico-racial. Com a participação de 47 produções destacadas, o concurso fomentou reflexões críticas e se estabeleceu como uma prática pedagógica antirracista e inclusiva. A fundamentação teórica do projeto dialoga com Carneiro (2005), Adichie (2009) e Santos (2019), destacando o papel da educação na promoção da diversidade, da igualdade e na resistência às estruturas racistas e eurocêntricas. A metodologia inclui um relato de experiência, à luz de Bondía (2002), em torno da mobilização de estudantes e educadores em atividades de leitura, discussões temáticas e produção de textos, permitindo uma abordagem crítica sobre questões étnico-raciais. Os resultados demonstraram o engajamento dos participantes, com reflexões profundas sobre preconceitos e estereótipos, além do fortalecimento da autoestima dos estudantes ao reconhecerem suas próprias raízes culturais. A discussão aponta que o concurso não apenas ampliou o repertório cultural dos alunos, mas também se constituiu como um espaço de resistência e afirmação identitária, desafiando a estrutura curricular tradicional e promovendo práticas pedagógicas antirracistas. Assim, o concurso representou uma iniciativa transformadora para a construção de uma educação humanizadora, que reconhece as identidades subalternas como protagonistas de suas próprias narrativas.
Referências
ADICHIE, Chimamanda Ngozi. O perigo de uma história única. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
CARNEIRO, Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. 2005. Tese (Doutorado em Educação) − Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.
BONDÍA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, n. 19, p. 20-28, 2002.
MUNANGA, Kabengele. Por que ensinar a história da África e do negro no Brasil de hoje?. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n. 62, p. 20-31, 2015. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/107184. Acesso em: 15 jul. 2022.
SANTOS, Catarina de Almeida. “Educação a Distância: tensões entre expansão e qualidade”. In: CÁSSIO, Fernando (Org.). Educação contra a barbárie: por escolas democráticas e pela liberdade de ensinar. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2019.
SCHÖN, Donald. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
SILVA, Maria Magdala Vasconcelos de Araújo; ACOSTA, Luis Eduardo Acosta. Centro de Cidadania da Praia Vermelha ESS/UFRJ: produção do conhecimento e transformação social. In: Congresso Nacional da Rede Unida, 9., 2010, Porto Alegre. Anais eletrônicos [...]. Porto Alegre: Rede Unida, 2010.
TAYLOR, Charles. Argumentos Filosóficos. Edições Loyola: São Paulo, 2000.