DESENVOLVIMENTO HIDRELÉTRICO E EXPANSÃO EDUCACIONAL: A CRIAÇÃO DE ESCOLAS EM CACHOEIRA DOURADA DE GOIÁS, 1955–68

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Autores

  • Élida Cristina Silva Ferreira Universidade Federal de Uberlândia
  • Josefa Nunes Pinheiro Universidade Federal de Uberlândia

Palavras-chave:

Usinas hidrelétricas; Impostos; Financiamento da educação; Gênese de escolas.

Resumo

As usinas hidrelétricas puseram Goiás nos “50 anos em 5” — o plano de
desenvolvimento do governo Juscelino Kubitschek — atraíram migrantes para construí-las. A
essa população, vinda de Goiás e outros estados, era preciso prover educação; e para suprir essa
demanda o governo do estado providenciou escolas. O estudo aqui resumido enfocou essa
providência explorando as condições em que as escolas surgiram, seu público-alvo e a
responsabilidade pelo financiamento em Cachoeira Dourada, distrito de Itumbiara, GO. O
estudo partiu desta indagação: em que medida as escolas criadas se valeram de benefícios da
indústria da eletricidade como o recolhimento de impostos e sua reversão em benesses sociais?
A tentativa de delinear respostas se orientou pelo objetivo de construir uma compreensão
histórica das relações entre desenvolvimento hidrelétrico e financiamento da educação tendo
em vista a gênese de escolas, sua manutenção e sua administração nos anos 1960, quando um
plano econômico nacional trouxe novas perspectivas de desenvolvimento econômico para
Goiás. Essa compreensão do passado da educação no sul goiano projeta elementos da expansão
escolar e do valor da escola pública no interior em tempos de desenvolvimento econômico
igualmente, os planos para a educação nos planos de desenvolvimento econômico e os
tratamentos legais do financiamento educacional (Constituição de 1946 e lei de diretrizes da
educação de 1961). O estudo se desenvolveu como pesquisa documental na área de história da
educação, enfatizando as instituições escolares, sua administração e seu financiamento. Foi
adotado o método materialismo histórico dialético para se verem os elos entre o modo pelo qual
a sociedade produz (e garante sua existência material) e a escola que ela cria no processo de
produção. As fontes incluíram legislação, atas da Câmara Municipal, relatos orais (ex-alunos e
ex-diretores), fotografias, documentos escolares (diários, livros de matrícula, atas de reunião e
outros). Os resultados expuseram a linha tênue entre o público e o privado (estruturação escolar,
limites do financiamento, fins sociais da escola); a história de um estado pouco desenvolvido
relativamente ao Sudeste e ao Sul que viu sua história mudar com a proposta desenvolvimentista
de, por exemplo, erguer a capital federal em Goiás e de explorar ao máximo seu potencial fluvial
via hidrelétricas como a de Cachoeira Dourada. Goiás se projetou como estado que abrigaria o
centro do poder político nacional; que se renovava e que creditou a renovação a Juscelino
Kubitschek. Na educação, o desenvolvimento hidrelétrico trouxe três grupos escolares para
Cachoeira Dourada entre 1960 e 1968. Mas não sem contradições: passaram a coexistir dois
tipos de escola subvencionada pelo Estado: um público (o grupo escolar) e um público-privado (um instituto para filhos de funcionários da empresa estadual operadora da hidrelétrica). A
coexistência é contraditória porque dividiu a população em um grupo privilegiado (o governo
lhe construiu e fez funcionar uma escola vinculada a um projeto arrojado de desenvolvimento
econômico) e uma parcela expressiva sem privilégios que tinha de estudar nas opções que o
município deixou: dois grupos escolares.

Biografia do Autor

Élida Cristina Silva Ferreira, Universidade Federal de Uberlândia

Doutoranda em Educação, PPGED/FACED/UFU

Josefa Nunes Pinheiro, Universidade Federal de Uberlândia

Doutoranda em Educação, PPGED/FACED/UFU.

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Publicado

2023-09-08

Como Citar

Ferreira, Élida C. S., & Pinheiro, J. N. (2023). DESENVOLVIMENTO HIDRELÉTRICO E EXPANSÃO EDUCACIONAL: A CRIAÇÃO DE ESCOLAS EM CACHOEIRA DOURADA DE GOIÁS, 1955–68. ANAIS DO SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA E EDUCAÇÃO, 2, 23–25. Recuperado de https://revistas.ceeinter.com.br/anaisseminariodehistoriaeeducaca/article/view/845

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