PROFESSORAS QUE ATUAM COM PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

GÊNERO E DESVALORIZAÇÃO

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Autores

  • Jaquelline Moura Universidade Federal de Goiás

Palavras-chave:

Gênero, Trabalho docente, Cuidado, Educação Básica

Resumo

O presente estudo tem a finalidade de problematizar a desvalorização do trabalho de professoras que atuam com educandos com deficiência na rede pública do Ensino Básico. Para isso, utilizar-se-á, como ponto norteador, a categoria de gênero, discutido por Scott (1995), a fim de entender as construções sociais da relação o papel de mulheres nesta função. O objetivo, dessa comunicação científica, é de apresentar uma abordagem ampla que possibilitará estudos mais aprofundados, com recortes delimitados em relação às diferentes políticas públicas adotadas por alguns municípios do estado de Goiás. Diante de notícias sobre casos em que pessoas com deficiência não recebem atendimento adequado para sua permanência dentro do espaço escolar, surgiu o questionamento sobre o papel de professoras neste cenário, pois as mulheres são a grande maioria no magistério na modalidade do Ensino Básico. Diante disso, indagamos a respeito dos impactos que este trabalho atravessa no trabalho docente. A metodologia adotada partirá de uma análise qualitativa, por meio de levantamento bibliográfico, que buscará compreender a categoria de gênero e a relação entre trabalho e cuidado. Não obstante, será de suma importância uma abordagem quantitativa, para identificar a média de alunos por turma e a quantidade de apoios ou cuidadoras/es, pessoas que acompanham as pessoas com deficiência na escola, dados que oferecerão uma base para identificar a respeito do trabalho pedagógico e o cuidado que as professoras regentes exercem. De acordo com Sacks (1979), o cuidado não é visto como trabalho, pois as sociedades de classes tendem a domesticar o trabalho das mulheres. Um outro estudo realizado pela antropóloga Tabet (2005) aponta que a desigualdade entre homens e mulheres se deu pelo fato de que estes primeiros se apropriaram do controle dos instrumentos e dos meios de produção enquanto relação política. A própria divisão sexual do trabalho é uma estrutura de dominação, na qual a mulher é, historicamente, a responsável pela criação dos filhos e dos afazeres domésticos. Ainda muito se escuta que “a mulher não trabalha, só cuida de casa”, como se todo o trabalho realizado em casa não fosse trabalho. Uma pesquisa, de 2023, publicada pelo Governo Federal, aponta que 79,2% de todo corpo docente da Educação Básica é composto majoritariamente por mulheres, sendo esse número ainda maior quando se trata de creches e pré-escolas, com 97,2% e 94,2%, respectivamente. A partir disso, é possível perceber que, além de dar conta de todas as demandas que envolvem a aprendizagem, a professora deve se encarregar da responsabilidade dos cuidados, em que muitos casos alunos/as com de deficiência, são totalmente dependentes quanto a beber água, comer ou ir ao banheiro. Em muitas instituições públicas, não há profissionais suficientes para acompanhar os alunos em suas necessidades básicas, o que acaba se tornando mais uma atribuição de professoras. Portanto, é fundamental avaliar qual é papel dessas professoras a fim de evitar ainda mais o adoecimento devido à sobrecarga de trabalho.

 

Biografia do Autor

Jaquelline Moura, Universidade Federal de Goiás

Mestranda em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Goiás (PPGE-FE/UFG).

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Publicado

2023-07-27

Como Citar

Moura, J. (2023). PROFESSORAS QUE ATUAM COM PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: GÊNERO E DESVALORIZAÇÃO. ANAIS DO SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA E EDUCAÇÃO, 2, 142–143. Recuperado de https://revistas.ceeinter.com.br/anaisseminariodehistoriaeeducaca/article/view/953

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