REZAS E COMENSALIDADES EM UM PROCESSO DE RESSIGNIFICAÇÃO DA DÁDIVA
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https://doi.org/10.56579/verum.v4i2.1114Palavras-chave:
Rezadeira, Comensalidade, DádivaResumo
Personagem comum em todo território brasileiro, a rezadeira é descrita de diferentes formas, sendo geralmente atrelada à imagem de uma mulher idosa, capaz de debelar o mal dos “clientes” enfermos que a procuram. Neste universo, por falar em nome de uma religião, a rezadeira pode não ser entendida caso sua religião não seja considerada. Através de seu ofício, enquanto cientista popular e integrante de uma comunidade, cria uma rede de solidariedade na qual figuram ela própria e sua clientela, principalmente. Objetivamos com este trabalho tecer algumas reflexões sobre comensalidade no ofício das rezadeiras. Por mais que a rezadeira se identifique com uma religião específica, a prática do seu ofício, por vezes, confunde-se com outros saberes advindos de religiões distintas ou mesmo de outras práticas populares. Trata-se de um estudo de cunho exploratório e descritivo, com abordagem qualitativa. O cenário do estudo se dá no município de Cuité-PB. A análise do discurso se deu por meio dos estudos teórico-conceituais de Fiorin (2008). Neste âmbito, refletir sobre a comensalidade nas relações de dádiva que se tecem em torno das rezadeiras pode nos ajudar a compreender outras percepções de mundo, na medida em que esses atores são desafiados a encontrar alternativas e soluções para a cura de enfermidades enquanto novos sentidos e significações são produzidos no bojo dessas relações.
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