OBVIEDADES NÃO ÓBVIAS DA EDUCAÇÃO SOBRE EDUCAÇÃO, O QUE SE DIZ; NÃO SE DIZ; É PROIBIDO DIZER; É FALSO DIZER. E O QUE SE DEVERIA DIZER

Visualizações: 93

Autores

  • Renan Antônio da Silva
  • Pedro Demo

Palavras-chave:

Nenhum

Resumo

Educação é terreno minado, porque é permeado por dinâmicas de poder. Sua importância não está nos sussurros sublimes de cunho formativo, na ética obsequiosa da pedagogia, no compromisso com a aprendizagem dos estudantes; isto existe, mas tende a ser da rodem dos enfeites. Sua importância está em sua politicidade, a capacidade que abriga de se alinhar ou se desalinhar do poder dominante. O exercício da educação implica, no educador, uma relação de poder de cima, também hierárquica natural ou usurpada, e, no educando, a contramão da mesma clivagem. No educador, pode ocorrer a pretensão de manietar o educando; neste pode ocorrer uma conquista emancipatória, até mesmo à revelia do educador. Leve-se em conta ainda que, tratandose de dinâmicas da vida, são ambíguas, complexas, em grande parte imprevisíveis, sempre incompletas (DEACON, 2012). Tem aluno que aprende apesar do professor e professor que se desempenha bem apesar do aluno. Tudo isso é possível, porque a relação não é causal mecânica como regra: educação não se causa, se media. Mediação facilmente é um imbróglio político intenso, porque nenhum controle é linearmente efetivo. Ademais, educação é indústria global pesadíssima (VERGER et alii, 2016; WORLD BANK, 2018; KLEES, 2017; NARAYAN; WEIDE, 2018), também porque é típico “investimento”, computado em competitividade e produtividade, movimentando grandes instituições, orçamentos cada vez mais significativos, focado em “capital humano” (RINDERMANN, 2018), considerado o “capital” mais decisivo para ocupar a liderança mundial e turbinar o progresso econômico e
tecnológico (LEE, 2018; DUDERSTADT, 2003). A ideia de considerar o acesso universitário como direito fundamental também espraia a corrida por educação superior exponencialmente mais. A noção de aprender a aprender ou de formação permanente implica esticar o processo a vida toda, o que, de um lado, apenas reconhece a dinâmica evolucionária natural aberta de autoformação infinda, e, doutro, turbina o “negócio” da educação. Esta mistura de “negócio” e “direito” envenena
sua politicidade. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

A VISION OF K-12 STUDENTS TODAY. 2020. https://www.youtube.com/watch?v=_AZVCjfWf8 A VISION OF STUDENTES TODAY. 2020.

https://www.youtube.com/watch?reload=9&v=dGCJ46vyR9o

ABEB-ANUÁRIO BRASILEIRO DA EDUCAÇÃO BÁSICA 2019. Todos pela Educação/Moderna. São Paulo https://www.todospelaeducacao.org.br/_uploads/_posts/302.pdf

ARONOWITZ, S. 2000. The Knowledge Factory – Dismantling the corporate university and creating true higher learning. Beacon Press, Boston.

BACICH, L. & MORAN, J. (Orgs.). 2018. Metodologias ativas para uma educação inovadora. Penso, Porto Alegre.

BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC). 2018. Educação é a Base. MEC, Brasília- http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf

BESSON, J.-L. (Org.). 1995. A Ilusão das Estatísticas. Editora UNESP, São Paulo.

BID - ELACQUA, G., HINCAPIÉ, D., VEGAS E., ALFONSO, M. 2018. Profissão Professor na América Latina – Por que a docência perdeu prestígio e como recuperá-lo? BID, N.Y. https://publications.iadb.org/handle/11319/8953

CAMPELLO, T. & NERI, M.C. (Orgs.). 2013. Programa Bolsa Família – Uma década de inclusão e cidadania. Ipea, Brasília.

CAUFIELD, C. 1998. Masters of Illusion – The World Bank and the Poverty of Nations. Henry Holt and Company, New York.

DEACON, T.W. 2012. Incomplete Nature – How mind emerged from matter. W.W. Norton & Company, N.Y.

DEMO, Pedro. 2020a. Em nome do nada, amém! https://drive.google.com/file/d/182RhCgiaid1rnSPL7exQyzre_2kBR6mq/view

DEMO, P. 2016. EJA – proposta necessária e fraudulenta. https://docs.google.com/document/d/1Yetdh8gDOhx7vY8hZqlkw9Ys9Vf0N0sMsiA8JsOVcY4/ pub

DEMO, P. 2018. Frequentar a escola não basta – é preciso aprender – https://docs.google.com/document/d/1vwzaj1Hif7S2MlmxG5-

mW4aKKzfGERI31c5T_sReLKg/edit

DEMO, P. 2020. Educação à Deriva – À direita e à esquerda: instrucionismo como patrimônio nacional – https://drive.google.com/file/d/10nMlgL8N9GKFgwtnbL-bIn7GQf0HdyA4/view

DEMO, P. 2020b. Pedagogia como engenharia – Para sair da rotina escolar. https://drive.google.com/file/d/1eF1U2ShapTLQe1blcrZoToIpgriYNzf_/view

DEMO, P. 2020c. Aula, de novo! https://drive.google.com/file/d/14kOSJdVZKT9Ufqno1oRLkwj6Y-qW_UR1/view

DEWEY, J. 2010. Experiência e Educação. Vozes.

DUDERSTADT, James J. 2003. A University for the 21st Century. The University of Michigan Press, Ann Arbor.

FOERSTER, H. & POERKSEN, B. 2008. Wahrheit ist die Erfindung eines Lügners: Gespräche für Skeptiker. Carl-Auer-Systeme. Berlin.

FOUCAULT, M. 1977. Vigiar e punir - História da violência nas prisões. Vozes, Petrópolis.

FRIGOTTO, G. 1989. A produtividade da escola improdutiva. Cortez, São Paulo.

HARARI, Y.N. 2017. Homo Deus – A brief history of tomorrow. Harper, London.

KLEES, S. 2017. A critical analysis of the World Bank’s World Development Report on education. Bretton Woods Project - https://www.brettonwoodsproject.org/2017/11/criticalanalysis-world-banks-world-development-report-education/

KURZBAN, R. 2010. Why Everyone (Else) is a hypocrite: Evolution and the modular mind. Princeton University Press, Princeton.

LEE, K-F. 2018. AI Superpowers: China, Silicon Valley, and the new world order. Houghton Mifflin Harcourt, N.Y.

LUCKESI, C.C. 1995. Avaliação da Aprendizagem escolar. Cortez, São Paulo.

MORGENSTERN, O. 1972. L’Illusion Statistique - Précision et incertitude des données économiques. Dunod, Paris.

NARAYAN, A. & WEIDE, R.V. 2018. Fair Progress? Economic mobility across generations around the World. World Bank, Washington -

https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/28428

O’CONNOR, A. 2001. Poverty Knowledge – Social Science, Social Policy, and the Poor in Twentieth-Century U.S. History. Princeton University Press, Princeton.

POERKSEN, B. 2004. The Certainty of Uncertainty – Dialogues introducing constructivism. Imprint Academic, London.

RESCHER, N. 1987. Forbidden Knowledge: And other essays of the philosophy of cognition (Episteme, Vol 13). D. Reidl Publisher Co., Dordrecht.

RINDERMANN, H. 2018. Cognitive Capitalism – Human Capital and the wellbeing of nations. Cambridge U. Press.

SAHLBERG, P. 2017. FinishED leadership. Corwin, Thousand Oaks.

SHATTUCK, R. 1996. Forbidden Knowledge – From Prometheus to pornography. St. Martin’s Press, New York.

TWENGE, J.M. 2017. iGen: Why today’s super-connected kids are growing up less rebellious, more tolerant, less happy – and completely unprepared for adulthood – and what that means for the rest of us. Atria Books, Amazon.

VASCONCELLOS, C.S. 1998. Avaliação da Aprendizagem: Práticas de mudança – Por uma práxis transformadora. Libertad, São Paulo.

VASCONCELLOS, C.S. 1998a. Superação da Lógica Classificatória e Excludente da Avaliação – do “É proibido reprovar” ao é preciso garantir a aprendizagem. Libertad, São Paulo.

VERGER, A. & LUBIENSKI, C., STEINER-KHAMSI, G. (Eds.). 2016. World Yearbook of Education 2016: The global education industry. Routledge, London.

WORLD BANK (WB). 2018. Learning – To realize education’s promise. The World Bank, Washington. https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/28340

ZHAO, Y. 2014. Who is afraid of the big bad dragon: Why China has the best (and the worst) education system in the world. Jossey-Bass, San Francisco.

ZHAO, Y. 2018. What works may hurt – Side effects in education. Teachers College Press.

Downloads

Publicado

2021-06-14

Como Citar

Antônio da Silva, R. ., & Demo, P. . (2021). OBVIEDADES NÃO ÓBVIAS DA EDUCAÇÃO SOBRE EDUCAÇÃO, O QUE SE DIZ; NÃO SE DIZ; É PROIBIDO DIZER; É FALSO DIZER. E O QUE SE DEVERIA DIZER. Revista De Estudos Interdisciplinares , 2(4). Recuperado de https://revistas.ceeinter.com.br/revistadeestudosinterdisciplinar/article/view/56

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.