CAMPANHA DA LEGALIDADE E GRUPOS DE ONZE

A REPRESENTAÇÃO SATÍRICA EM CÁGADA (OU A HISTÓRIA DE UMA CIDADE A PASSO DE) DE GLADSTONE OSÓRIO MÁRSICO

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Autores

  • Gláucia Elisa Zinani Rodrigues Universidade de Passo Fundo

Palavras-chave:

Campanha da Legalidade; Grupos de Onze; Cágada; Gladstone Osório Mársico.

Resumo

O estudo analisa a representação da Campanha da Legalidade e dos Grupos de Onze em Cágada (ou a história de uma cidade a passo de) do escritor erechinense Gladstone Osório Mársico (1927-1976), o recorte do estudo é o ano de publicação do romance (1974). Objetiva-se a analisar as representações destes dois eventos históricos em Cágada (ou a história de uma cidade a passo de), devido sua literatura ser satírica. Mársico nasceu em Viadutos ex distrito de Erechim, atuou como advogado e escritor, defendeu juridicamente os apoiadores da Legalidade e, posteriormente, perseguidos do Golpe Militar de 1964, conforme Rodrigues (2019). Atuou como Presidente do Partido Trabalhista Brasileiro em Erechim na década de 50, apoiador da Campanha da Legalidade promovida por seu correligionário Leonel Brizola, traz para a ficção de Cágada elementos coincidentes que não deixados despercebidos, o autor utiliza sua vertente satírica e traz para a ficção o contexto histórico da década de 60 e aspectos vivenciado por ele em Erechim. A sátira produzida por Mársico "tem a finalidade de criticar fazendo troça de determinadas situações ou pessoas. Apelando à ironia, à paródia e ao sarcasmo, consegue expressar o seu repúdio àquilo que critica”, conforme Magalhães (2020, p.30). O cruzamento de fontes inclui revisão bibliográfica, utiliza para análise o conceito de representação de Roger Chartier (1988, p.17), que as define: "As representações do mundo social assim construídas, embora aspirem a universalidade de um diagnóstico fundado na razão, são sempre determinadas pelos interesses de grupo que as forjam", e o estudo situa-se na fronteira entre a Literatura e a História. Mársico traz a representação da renúncia de Jânio Quadros e o olhar de desconfiança que era visto seu vice João Goulart pelos seus adversários políticos. Mársico, demonstra uma certa exaltação com a figura pública de Leonel Brizola, líder de seu partido, que defendia a manutenção da ordem jurídica prevendo a posse de João Goulart. Em Cágada, criou-se um grupo de onze com as personagens: Ovo de Páscoa, Babico, Perna de Pau, Comandante, Mister Glupp, Muja, Lady Hilda e Lady Salma e Maneio e seus suplentes. Na trama o personagem Comandante ouve na rádio o chamado de Brizola e organiza a criação de um grupo de Onze. A literatura transforma o real, nesse sentido, muitos dos elementos do externo que Gladstone presenciava, como os chamamentos de Brizola no programa radiofônico, influenciaram o interno da narrativa, o grupo de onze, é exemplo disso. Mársico trouxe a representação da divulgação das listas dos envolvidos nos Grupos de Onze via rádio Mayrink Veiga e como eram as listas com os nomes dos envolvidos nos Grupos de Onze. Mársico satiriza esta organização "com um time de futebol", porque sabia que os envolvidos eram agricultores dos pequenos povoados da região do Alto Uruguai, pessoas que tinham baixa escolaridade e com poucas noções de movimentos partidários. Para finalizar sua representação os apoiadores do movimento dos Grupos de Onze foram presos, "não foi difícil. Da manhã seguinte, ao meio-dia, aprisionaram os seus integrantes" (MÁRSICO, 1974, p. 201). Então, Mársico deixa sua cidade imaginária praticamente desabitada, devido a prisão das personagens da lista da Mayrink, por uma força revolucionária. Para finalizar, o estudo atingiu os objetivos de analisar as representações da Campanha da Legalidade e dos Grupos de Onze em Cágada, por meio de sua literatura Gladstone Osório Mársico, vereador filiado aos petebistas faz sua crítica sobre os dois episódios históricos aparecendo personagens verossimilhantes como Jânio Quadros, João Goulart e Leonel Brizola. Mársico traz a representação da agitação da Legalidade e da formação de Grupos de Onze no interior do Estado, principalmente em Erechim, local em que ele residia, mostrando os chamamentos de Leonel Brizola via rádio Mayrink Veiga e as prisões no Alto Uruguai. Por fim, transpôs um novo olhar pela literatura de como poderia ser vista a Legalidade e os Comandos Nacionalistas.

Biografia do Autor

Gláucia Elisa Zinani Rodrigues, Universidade de Passo Fundo

Doutoranda em História, Universidade de Passo Fundo, bolsista CAPES.

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Publicado

2023-09-21

Como Citar

Rodrigues, G. E. Z. (2023). CAMPANHA DA LEGALIDADE E GRUPOS DE ONZE: A REPRESENTAÇÃO SATÍRICA EM CÁGADA (OU A HISTÓRIA DE UMA CIDADE A PASSO DE) DE GLADSTONE OSÓRIO MÁRSICO. ANAIS DO SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA E EDUCAÇÃO, 2, 97–98. Recuperado de https://revistas.ceeinter.com.br/anaisseminariodehistoriaeeducaca/article/view/895

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