IMPACTOS DA DIFUSÃO DE PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES RACISTAS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
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Brasil, Estruturas Sociais, Racismo, EducaçaoResumo
Ao longo dos últimos séculos, a sociedade formada no território brasileiro, assumiu o papel de fomentadora e difusora de práticas e representações racistas. Dentre os principais desdobramentos do racismo na vida cotidiana da população afro-brasileira, é possível apontar os diversos casos de violência física e simbólica que ocorrem até mesmo na escola, a principal instituição social nessa conjuntura, tendo em vista a função que desempenha e a importância atribuída a ela. Dessa forma, o presente trabalho visa compreender como o racismo contra as pessoas de cor preta impacta, atualmente, a educação formal/escolar do Brasil. Na metodologia, optou-se por uma abordagem de natureza qualitativa, do tipo revisão de literatura. Utilizou-se como referencial teórico, autores que investigam os temas: “dinâmica social”, “ensino” e “racismo”, tais como: Bourdieu (1989), Schwarcz (1993), Munanga (2003), Guimarães (2004), Oliva (2005), Freire (2008), Pereira (2017) e Hall (2016). Conforme a revisão de literatura, as práticas e representações racistas verificadas na sociedade brasileira, foram construídas histórica e socialmente no decorrer de um processo multifatorial, multifacetado e de longa duração. Desenvolveu-se, no Brasil, um sistema econômico colonial assentado na monocultura, no latifúndio e no trabalho escravo. Ele propiciou a montagem, manutenção e legitimação de estruturas sociais complexas, estabelecidas conforme as relações de poder que regem o mundo social. O racismo brasileiro emerge dessa organização econômica e social como uma justificativa ideológica que assegurava a reprodução do próprio sistema. Posteriormente, foi ressignificado visando naturalizar e perpetuar a inferiorização, subordinação e marginalização das pessoas pretas em uma conjuntura de modificações das próprias demandas e lógica do capitalismo. Tal reprodução sustentou-se nos aparatos das instituições sociais, como as de ensino, mídia, etc. que possuem um saber-poder capaz de criar, recriar e propagar estereótipos e preconceitos. Além de causar discriminações em relação aos indivíduos pretos, a manutenção do racismo no Brasil também reflete na produção dos currículos educacionais e materiais didáticos. As práticas pedagógicas adotadas no ambiente escolar, as escolhas dos métodos e temáticas trabalhadas divergem do discurso de inclusão e diversidade comumente defendido pela escola. Em suma, a educação tradicional, colonial e racista ainda é predominante nas instituições de ensino. Nesse cenário, jovens estudantes de corpos pretos não se identificam com esse ambiente moldado nos padrões eurocêntricos, que desvaloriza os aspectos plurais que constituíram a formação social do país, contribuindo para o abandono escolar. Desse modo, a educação formal, através da escola, apresenta-se como uma das principais instituições de manutenção, legitimação e reprodução das desigualdades e privilégios sociais. O papel de transformação e democratização atribuído a ela não é efetivamente exercido.