ENTRE ELAS
SEM LENÇO NEM DOCUMENTOS DE PÉS NO CHÃO E MOLAMBOS NO CORPO
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Quando o corpo, sentado ao chão, entre os braços debruçados entre si com uma expressão terna, sem vida mostra algo? Mostra, sim. A imagem é uma representação de uma dada realidade, de um dado período sócio-histórico. Vale destacar ainda, que na imagem, pode-se perceber mulheres maltrapilhas, magras, dentro, provavelmente, de uma ala do Hospital Colônia de Barbacena. Ao observarmos a imagem escolhida como objeto de pesquisa, vemos a desumanização de mulheres que são vistas pela sociedade com "maus" olhos: corpos estes que são indesejados e que são direcionados a lugares de higiene, sob os quais o Estado determina quem possui direito de viver na sociedade e quem deve ser descartado ou escondido dela, tal qual a sujeira que se coloca debaixo do tapete. Não podemos esquecer que o Estado assume um papel de "limpar" a sociedade, deixando apenas corpos "úteis" ao trabalho braçal e que se adequam a ordem. Através do retrato, podemos notar que o local nos remete a uma prisão: as paredes com furos e remendos de cimento, um portão de ferro e o chão de terra. As mulheres capturadas, estão retraídas, não possuem nem direito de usarem sapatos, já que eles identificam uma posição social. Há duas mulheres que prendem nossa atenção: a primeira (foco da fotografia), está sentada no chão e seus braços estão envolta de seus joelhos, sua expressão é de surpresa. Aparenta ser uma senhora de idade avançada e está despida de qualquer adorno. A segunda (localizada à esquerda da imagem), também está sentada no chão, porém sua expressão corporal demonstra uma agonia e uma desesperança, o braço apoiado em seu joelho, segurando sua cabeça, e aparenta ser mais nova. Ressaltamos que a imagem fala, ela é discursiva. Ademais, a metodologia empregada no presente ensaio parte da pesquisa qualitativa, partindo da interpretação de imagem.