A PROPAGANDA PARA COLONIZAÇÃO DA AMAZÔNIA:
A TRANSAMAZÔNICA EM PAUTA
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Amazônia, Propaganda, Mídia, TransamazônicaResumo
Durante o governo militar, sobretudo na década de 1970, foram mobilizados dispositivos pelo governo com o objetivo de estimular e promover os deslocamentos de grupos das demais regiões do país para a colonização da Amazônia. O discurso do governo militar para colonização da região, incrustado pelo pensamento colonial, se utilizou da ideologia do progresso e da tese de “vazio” da Amazônia para justificar a exploração da rica e fértil área supostamente desocupada, ociosa e desintegrada do país. A colonização representaria a integração da Amazônia à nação e solucionaria problemas sociais-demográficos do país, além de amenizar conflitos agrários recorrentes em outras regiões. Uma das principais estratégias do governo militar para a colonização da Amazônia se traduziu no Programa de Integração Nacional (PIN), um projeto político que teve como alvo principalmente trabalhadores pobres do Nordeste. A construção da rodovia Transamazônica foi apresentada no PIN como uma solução para o deslocamento de trabalhadores que sofriam no sertão em direção as férteis terras da região amazônica. Os discursos difundidos pelo poder público e pela mídia sobre o grande projeto de colonização operaram como dispositivos coloniais. A grandiosa obra da rodovia Transamazônica foi vinculada em revistas e jornais envolta na promessa de crescimento econômico e desenvolvimento da região. No presente trabalho, as fontes documentais se referem ao selo comemorativo da abertura da Transamazônica e matérias da revista Manchete, um dos periódicos de maior circulação da época. A Transamazônica comumente é anunciada nos documentos citados como uma pista para uma mina de ouro que faria um novo Brasil emergir em meio a selva. O referencial teórico parte das contribuições de Nelson Maldonado-Torres (2018) sobre colonialidade, do aporte de Bruno César Malheiro sobre a produção da exterioridade da Amazônia, e das contribuições de Marise Morbach (2001) sobre a publicidade durante o governo Médici.