AS LAVADEIRAS DO RIO VERMELHO E AS CARREGADEIRAS DE ÁGUA NA CIDADE DE GOIÁS:
FOMENTANDO MEMÓRIAS E HISTÓRIAS NA ANTIGA CAPITAL
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Lavadeiras, Carregadeiras de água, Preconceito, MemóriaResumo
O presente trabalho apresenta os desafios e os preconceitos enfrentados pelas mulheres pobres e negras, muitas vezes arrimos de família, no desenvolvimento das antigas profissões de lavadeiras e de carregadeiras de água, diante do mercado de trabalho no município de Goiás. Atualmente, com a implementação de políticas públicas de saneamento ambiental e com o avanço significativo da tecnologia, receber água tratada nas torneiras de nossas casas ou lavar as nossas vestimentas se tornaram parte comum das tarefas de nosso cotidiano e são facilmente encontradas e desenvolvidas nos mais diversos lares do território brasileiro. Mas historicamente, a ação de lavar roupas no rio, carregar e distribuir o líquido essencial à vida em casas de família, se constituiu por muitos anos, em uma importante atividade tipicamente feminina da mulher pobre e negra na antiga capital do estado de Goiás. Nesse contexto, muitas lavadeiras e carregadeiras de água, na busca pelo sustento de suas famílias, além de enfrentarem o mercado de trabalho severo e autoritário e não se darem ao direito ou ao luxo de estabelecer carga horária ou dias de descanso, sofriam também as proibições e o preconceito de raça e de gênero, haja vista que a maioria absoluta dessas mulheres eram negras e algumas de descendência escrava. Na luta pela sua sobrevivência e a de seus familiares diante do duro mercado de trabalho da Cidade de Goiás, essas ocupações, além de vencerem as barreiras de sexo, da intolerância religiosa e do racismo, também representaram uma importante fonte de renda e de giro da economia local. Infelizmente poucas são as mulheres testemunhas vivas de nosso tempo, que poderão nos contar e descrever os importunos dessas antigas profissões, mas felizmente foram grandes os testemunhos, os ensinamentos e os modos de fazer por elas deixados.