PRESENÇA DE AUTORAS NEGRAS NOS ACERVOS DAS BIBLIOTECAS DO IFSUL
VAMOS ESCURECER AS REFERÊNCIAS?
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Instituto Federal Sul-rio-grandende, Educação Profissional e Tecnológica, Bibliotecas, Autoras Negras, Decolonialidade do saberResumo
A biblioteca é um espaço de aprendizagem e deve dar apoio às atividades de ensino, pesquisa e extensão dentro da unidade organizacional a que está inserida. Contudo, as bibliotecas como outras instituições, muitas vezes são atingidas por discursos hegemônicos validados a partir de suas práticas. No ocidente a cultura moderna é fortemente marcada por um caráter colonialista e teve como resultado a eliminação de culturas e experiências de diferentes grupos e povos em favor de uma homogeneização a partir do mundo europeu, branco e masculino. Assim, a produção cultural e de conhecimento é dominada, fragilizando nossa identidade e reproduzindo uma hegemonia do saber. Um acervo decolonial é aquele que simboliza seu povo, isto é, aquele que representa a história pelo ponto de vista dos povos originários e dos povos escravizados em vez da versão do dito “descobrimento” e da colonização. Nesse sentido, as (os) profissionais da área devem sempre estar atentas (os) as necessidades não só informacionais, mas ao contexto social em que estão inseridas (os). O estudo aqui apresentado tem como objetivo geral identificar a presença de autoras negras nas bibliotecas do Instituto Federal Sul-rio-grandense - IFSul. Para realizar a pesquisa e identificar tal presença dessas autoras nos acervos, foi utilizada uma abordagem descritiva, fazendo uso do catálogo online do SiBIFSul, através do Sistema Pergamum, por meio desse sistema a comunidade acadêmica pode consultar todos os materiais existentes nos acervos das 14 bibliotecas do IFSul. A seleção desses nomes foi realizada através de compartilhamento de arquivos armazenados em nuvem, este processo de partilhar pastas e materiais se deu por meio de aplicativo de mensagens em um grupo nacional de bibliotecários de várias universidades e institutos federais espalhados pelo país. A triagem também foi realizada através do Portal de Literatura Afro-brasileira, o “literafro”, sediado no NEIA – Núcleo de Estudos Interdisciplinares da Alteridade, da Faculdade de Letras da UFMG, que também dispõe de listas de escritoras (es) negras (os). Ao analisar o quantitativo de livros, foi possível observar que em geral, há um número reduzido de autoras negras nos acervos das bibliotecas do IFSul, os campus mais antigos da instituição que são o Campus Pelotas e o Campus Pelotas Visconde da Graça, apresentam um quantitativo menor de autoras negras em comparação com campus mais novos como, por exemplo, o Campus Novo Hamburgo, Campus Sapucaia do Sul e Campus Camaquã. Sabe-se que a maioria dos cursos oferecidos são técnicos e/ou tecnológicos. Contudo, sabe-se também, que de acordo com o Plano de Integridade Institucional do IFSul, a missão da instituição é possibilitar a formação integral ao estudante, mediante o conhecimento humanístico e que ampliem as possibilidades de inclusão e desenvolvimento social. Portanto, acredita-se que essa pouca presença de autoras negras, compromete a diversidade, além de restringir o acesso a essa bibliografia. Motivos não faltam para que sejam inseridas obras de mulheres negras nos acervos das bibliotecas, além de dar visibilidade à produção dessas autoras, essas obras apresentam narrativas diferentes, outras vivências e experiências, diferentemente do que as pessoas no geral estão acostumadas a ter contato. Ler essas autoras enriquece nossa visão de mundo, ou seja, pluraliza nosso olhar.