O ENUNCIADO QUE FAZ ACONTECER
O AFOXÉ COMO INSTRUMENTO DIDÁTICO E DIFUSOR DO CONHECIMENTO HISTÓRICO NO ENSINO BÁSICO
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Cultura Afro-brasileira, Afoxé, Conhecimento Histórico, Educação AntiracistaResumo
Esse trabalho tem o objetivo de discutir o uso da musicalidade utilizada por povos de terreiro na sala de aula como instrumento didático para o desenvolvimento do conhecimento e consciência histórica, bem como desenvolver uma educação antirracista. A escola é um espaço onde o racismo religioso ainda é muito presente, tendo em vista que os elementos culturais que compõem ou que perpassam outros territórios de saber como os terreiros de Umbanda e Candomblé são invisibilizados pelo caráter de racismo epistêmico que esses saberes sofrem. O Afoxé (em iorubá “o enunciado que faz acontecer”) como uma expressão cultural de influência africana em que ritmos como Ijexá são entoados nas ruas a partir dos terreiros de Candomblé, configura-se como um sistema de preservação da memória dos ancestrais cultuados nas comunidades. Na proposta de uma oficina em que os alunos possam conhecer os instrumentos e os ritmos utilizados, assim como formar um grupo de toques é possível a partir das tradições religiosas da diáspora africana no Brasil perceber os saberes ancestrais como modelos não-hegemônicos a serem construídos no espaço escolar. Para essa proposta e entendendo a necessidade do ensino de história atuar com novas propostas de abordagem e ser campo amplo de possibilidades, a pedagogia das encruzilhadas se faz presente pensando a escola como um campo de experiência afrocentrada para o atravessamento do contínuo colonial em que os saberes escolares ainda estão alicerçados. Tendo em vista que o racismo no Brasil é estrutural e certa de que as violências somadas a microagressões cotidianas, impactam a qualidade e a expectativa de vida da população, atividades que propõe resgatar a contribuição negra para história do Brasil são de suma importância. Apesar dessa constatação e do desenvolvimento de ações apoiada pela lei 10.639, educadores ainda relatam desafios na escola, tais como estrutura educacional precária, falta de material de apoio e dificuldades de formação. Entendemos até aqui, que confrontar a racionalidade dominante em diversos aspectos dentro da escola pode ser um exercício para ser a aula de história um espaço de formação da consciência histórica. Quando se pergunta “para que serve ensinar história?” e “que significado tem a história na vida dos alunos?”, a experiência da sala de aula nos responde. Mas para isso, torna-se necessário apreensão de várias histórias lidas partir de distintos sujeitos históricos, das histórias silenciadas, histórias que não tiveram acesso à História. Dessa forma, a construção de um ensino que oriente para uma formação que desenvolva a integridade e o respeito a pluralidade é um caminho possível de garantir a produção de um imaginário diversificado e simbólico que possa assegurar democraticamente os direitos da humanidade no espaço escolar.