Vivendo como uma lésbica
as violências que são silenciosas
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vivência lésbica, lésbica, lesbo-ódioResumo
Ao escrever este título, muitas coisas me vieram a cabeça. Lembranças até boas e outras nem tanto. Escolhi nomear “Vivendo como uma lésbica”, justamente para fazer alusão a um livro que para mim retrata muito bem a condição da lésbica na sociedade, o exemplar da autora Cheryl Clarke que se intitula “Vivendo como uma lésbica” é um compilado de diversos escritos da autora, sobre sua realidade enquanto lésbica dentro de uma sociedade patriarcal. Diferente de Clarke, eu estreitei este relato para minhas vivências enquanto pesquisadora e acadêmica do curso de História de uma universidade pública. Apesar da pouca idade, o lesbo-ódio já se fez presente em minha vida, até mesmo na infância, enquanto ainda não estava preparada para pensar em sexualidade, afinal era só uma criança curiosa que gostava de inventar história, andar de skate e vestir roupas de super-heróis, mas a sociedade patriarcal não deixa mulheres impunes, não importa sua idade, nosso sexo biológico é marca de nossa opressão, decretada quando nascemos. Isso bem me lembra uma de minhas autoras favoritas, Simone de Beauvoir, grande existencialista que acreditava que não se nascia mulher se tornava uma, não que a mulheridade fosse uma escolha, mas sim um alvo que nos era impresso ao depararmos com o patriarcado e sua violência coercitiva. Ser lésbica é um ato político, ouvi essa frase diversas vezes ainda muito jovem antes mesmo de pensar para além da heterossexualidade, isso sempre me atingia como uma máxima, como poderia uma sexualidade ser política? Mesmo depois de me entender como uma lésbica, essa frase ainda não me fazia sentido, criada a luz de um cristianismo ortodoxo, me entender lésbica não foi orgulho, nem manifestação política alguma, foi sofrimento, medo, desamparo, a religião do homem que andava com as prostituas e pegadores não teve a mesma compaixão que o cristo.