DIVERSIDADE NA CIÊNCIA
REFLEXÕES SOBRE HISTÓRIA, EDUCAÇÃO E FUTURO
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https://doi.org/10.56579/eduinterpe.v1i1.1949Palavras-chave:
Diversidade, Ciência, Educação, Inclusão, RepresentatividadeResumo
A ciência, ao longo da história, tem sido marcada por avanços significativos, mas também por desigualdades na representatividade de diferentes grupos sociais. Tradicionalmente, a produção científica esteve majoritariamente nas mãos de homens cisgêneros brancos das classes dominantes, enquanto mulheres, pessoas negras, indígenas e outros grupos minorizados enfrentaram exclusão dos espaços formais de conhecimento (Van Dusen, Nissen & Johnson, 2024).Apesar dessas adversidades, figuras como Hipátia de Alexandria, Marie Curie, Karl Heinrich Ulrichs e Katherine Johnson desafiaram essas barreiras, demonstrando a importância da diversidade para o avanço do conhecimento. No entanto, esses indivíduos representam apenas uma parcela do espectro da diversidade na ciência. Atualmente, a desigualdade de gênero, raça e orientação sexual na ciência persiste. Embora as mulheres constituam 53% dos graduados universitários globalmente, apenas 30% atuam como pesquisadoras, com presença ainda menor em áreas como engenharia e tecnologia da informação (Bondarescu et al., 2018.). Nos Estados Unidos, por exemplo, apenas 9% dos profissionais em STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) são negros, apesar de representarem 13% da população total (Hofstra et al., 2019). Além disso, há uma carência de dados sobre a participação de outros grupos estigmatizados, o que por si só já indica um cenário preocupante (Kozlowski et al., 2024).Estudos indicam que equipes diversas têm 35% mais chances de alcançar melhores resultados em inovação, reforçando a relevância da inclusão na ciência (Bondarescu et al., 2018). A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Brasil enfatiza a valorização da diversidade cultural na formação integral dos estudantes, promovendo a construção de uma sociedade mais justa e democrática. Abordar a temática da diversidade científica nas escolas fortalece o pensamento crítico, o respeito às diferenças e a compreensão das interações entre ciência, tecnologia e sociedade, além de evidenciar a dimensão ética e social da ciência e seu impacto sobre diferentes grupos sociais.Nesse contexto, foi desenvolvida uma proposta interdisciplinar para estudantes da 1ª série do Ensino Médio, integrando Química, Física e Biologia. Os alunos foram desafiados a reimaginar a trajetória de cientistas renomados sob a perspectiva de grupos historicamente minorizados. A atividade teve como objetivo estimular o pensamento crítico, a criatividade e a empatia, promovendo debates sobre diversidade, inclusão, equidade e os desafios sociais na produção do conhecimento. Os textos produzidos pelos estudantes foram analisados por meio da Análise Textual Discursiva (ATD), permitindo a identificação de padrões tokenistas, vieses inconscientes e contradições nos discursos.Os resultados evidenciam a importância de abordar a diversidade na ciência desde a educação básica, incentivando a representatividade e o engajamento dos estudantes na construção de um futuro mais inclusivo. A reflexão sobre o impacto da exclusão histórico-social no avanço científico contribui para o desenvolvimento de cidadãos mais conscientes e comprometidos com a equidade na produção do conhecimento.