ESTÁGIO SUPERVISIONADO
DESAFIOS E POSSIBILIDADES NA RELAÇÃO INTERGERACIONAL
Palavras-chave:
estágio supervisionado, formação de professores, relações intergeracionais, videogravaçãoResumo
A pesquisa de mestrado objetivou compreender a aprendizagem docente, considerando o processo de socialização profissional. Para isso, buscou entender os aspectos, ideais, valores, vivências e experiências presentes nas relações entre uma graduanda do terceiro ano de um curso de Licenciatura em Pedagogia e uma professora de escola municipal, que a recebeu em sua classe do Ensino Fundamental I. O estudo pretendeu identificar os processos de aproximação e interações formativas entre as duas gerações profissionais: da professora em exercício e a estudante universitária que deseja se profissionalizar no magistério. Assim, buscou-se os aspectos relacionados à geração e aos ciclos de vida dos professores, conceitos pautados em Mannhein (1982) e Marcelo (1999), para compreender as configurações das relações intergeracionais durante o estágio supervisionado de prática de ensino, trazendo as contribuições de Sarti (2009). Para isso, procurou-se identificar e analisar as representações sobre o trabalho docente que emergiram nas interações cotidianas entre a professora e a estudante. A pesquisa de natureza qualitativa, utilizou observação (se valendo do recurso de videogravação), para captar os detalhes das interações. A vídeoconfrontação envolve a confrontação de ações (suas ou de outrem) por meio de videogravações, sendo uma ferramenta que possibilita visualizar o real e identificar os detalhes da ação durante as situações de ensino. Após as filmagens, agendou-se entrevistas semiestruturadas, chamadas de Sessões de Videoconfrontação, as quais foram analisadas em relação ao seu conteúdo. A partir da metodologia elencada, foi possível ter acesso às percepções dos sujeitos sobre suas ações, em que às participantes revelaram detalhes de suas práticas, os significados que atribuíram às suas ações, tendo acesso a 'invisibilidade' das práticas, ou seja, o raciocínio prático das ações dos sujeitos, ao responderem questões, tais quais: o que foi pensado naquela ação? Por que agiu daquela maneira? Observou-se que a professora tinha uma imagem operatória desenvolvida sobre o ensino, algo difícil de ser acessado por meio de observações, por exemplo. Desse modo, esta metodologia e o referencial teórico permitiram identificar que as experiências da professora ao longo da carreira lhe possibilitaram desenvolver um habitus professoral, que é composto por um raciocínio prático, que lhe permite resolver situações e replanejar em ação, bem como antecipar a reação dos alunos frente as atividades propostas, algo que ainda não era acessível à estagiária. Dessa forma, os resultados reforçam a importância da experiência docente para relações mais contextualizadas e estratégicas sobre o ensino, para contribuir com a formação de novos professores nas relações intergeracionais. Por outro lado, apontam limitações e desafios do modelo atual de formação de professores, ausência de um acompanhamento dos estagiários que objetive uma formação profissional, de forma sistemática.