O "NOVO" ENSINO MÉDIO E A EDUCAÇÃO BÁSICA MÍNIMA

QUE TIPO DE FORMAÇÃO DAS JUVENTUDES PODEMOS ESPERAR?

Autores

Palavras-chave:

Formação das Juventudes, Lei nº 13.415/2017, Política Nacional do Ensino Médio,

Resumo

Desde a aprovação do impedimento contra a ex-presidenta Dilma Rousseff em 2016, houve incontáveis e profundas mudanças nas políticas públicas destinadas à Educação no país, como a reformulação da Política Nacional do Ensino Médio. Por meio da Medida Provisória n° 746/2016, o ex-presidente Michel Temer, antes vice-presidente de Dilma, alterou a referida política, criando, na sequência, a Lei n° 13.415/2017, conhecida como a "Reforma" do Ensino Médio (REM). Ela, por sua vez, traz inúmeras mudanças ao EM, como: inserção dos itinerários formativos para compor a parte diversificada do currículo; redistribuição da carga horária total do EM, ficando dividida em 60% para a Formação Geral Básica e 40% para os itinerários; vinculação obrigatória à BNCC; entre outras. Acontece, porém, que não houve debate público relacionado à REM, decorrente do caráter urgente da MP, inviabilizando as discussões com indivíduos direta e indiretamente afetados por ela. Além disso, as escolas brasileiras não possuem estrutura para comportar uma variedade razoável de itinerários para atender sua comunidade escolar, levando-a a ter de optar pelo único itinerário que a instituição puder oferecer, sendo, em geral, contra a sua vontade de escolha. Ainda sobre esse tópico: junto à MP, houve o congelamento dos investimentos em políticas públicas por 20 anos, medida aprovada pelo governo Temer através da Emenda Constitucional n° 95/2016. Ademais, faltam, às escolas, verbas para questões estruturais e de permanência e docentes aptos a lidar com os novos componentes curriculares advindos dos itinerários. Pensando nesse cenário, este trabalho objetivou analisar o tipo de formação das juventudes que se expressa na Lei n° 13.415/2017, na comparação com sua aplicação prática nos currículos da rede estadual do Rio de Janeiro. Para tanto, o percurso metodológico adotado partiu de uma pesquisa bibliográfica, a fim de realizar uma análise documental crítica, de cunho qualitativo, tanto da Lei quanto dos currículos da rede estadual do RJ, à luz do referencial teórico construído. Os resultados encontrados apontam alguns problemas: i) a redução da carga horária da formação básica e a exclusão de determinados componentes curriculares, observadas pós-reforma, têm o potencial de interferir negativamente na formação das juventudes, já que a realidade material na qual essas pessoas estão inseridas exigem conhecimentos oriundos de diversas áreas, como as ciências da natureza, humanas e sociais aplicadas, exatas e da linguagem; ii) os itinerários formativos, que deveriam servir de aprofundamento dos conhecimentos da comunidade escolar, têm se mostrado ineficientes, esvaziados e desconectados da realidade dos indivíduos ao fornecer disciplinas como "o que rola por aí" e "brigadeiro gourmet", reduzindo ou eliminando disciplinas de fato importantes para a sua formação. Concluiu-se, com base nos achados expostos acima, que o "Novo" Ensino Médio, imposto pela Lei n° 13.415/17, tem levado a cabo uma formação mínima, minimalista e esvaziada das juventudes, negando-lhes o direito a uma formação geral efetiva e o acesso aos conhecimentos científicos, humanísticos e artísticos ao reduzir carga horária da formação básica e excluir algumas disciplinas, colocando no lugar outras sem qualquer embasamento teórico comprovado.

Biografia do Autor

Kleverson Gonçalves Willima, IFFluminense

Mestrando em Políticas Sociais (Linha 1: Educação, Cultura, Política e Cidadania) pela UENF; pós-graduando em Currículo, Didática e Metodologias Ativas pela FAMEESP; licenciando em Pedagogia pelo Centro Universitário Internacional (UNINTER). Especialista em Letras com Ênfase em Linguística pela Faculdade Focus (2024), em Docência para o Ensino Superior pelo Instituto Mineiro de Educação Superior (2024), em Sociologia do Trabalho e Exclusão Social pela Faculeste (2024), em Educação Profissional e Tecnológica pelo Instituto de Educação e Cultura de Capanema (2024) e licenciado em Letras - Português e Espanhol pelo Centro Universitário FAEL (2023). Possui aperfeiçoamento acadêmico em Políticas Públicas em Educação (FAMEESP - 2023), em Didática no Ensino Superior (Portal IDEA - 2024) e em Docência e Prática de Ensino (Portal IDEA - 2024). Avaliador externo de projetos de Extensão (na área da Educação) do Instituto Federal Fluminense (IFF) e da Universidade Federal do Cariri (UFCA). Membro associado da Associação Nacional de Didática e Práticas de Ensino (ANDIPE) e da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), compondo o GT9 (Trabalho e Educação). Faz parte, ainda, do Grupo de Estudos Revoga NEM Acre, coordenado pela Profa. Dra. Adriana Martins (UFAC). Integra o Núcleo de Estudos em Educação e Realidade Brasileira (NEEREBRA), na linha de pesquisa "Novo Ensino Médio e Capitalismo dependente: análise da Contrarreforma do Ensino Médio como instrumento de aprofundamento da dependência educacional brasileira", vinculado ao Colégio Pedro II, e o Grupo de Pesquisa sobre Linguagem, Discurso, Mídia e Educação (LiDiME), vinculado à UFMA. Foi bolsista de Iniciação Científica (PIBIC) do projeto: "Política Linguística e Ensino de Língua(s) no Brasil e na Argentina". Faz parte de dois projetos vinculados ao IFF campus Quissamã: i) Internacionalização em Casa (Extensão) e ii) Implicações da Reforma do Ensino Médio nas Instituições de Ensino (Pesquisa). Tem experiência na área da Educação, com ênfase em Políticas Educacionais, Currículo e Educação Profissional e Tecnológica (principalmente as Contrarreformas Educacionais pós-2016); na Sociolinguística, com ênfase em ensino de língua materna (orientado pela abordagem variacionista) e em desigualdade de distribuição linguística; e na Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas Adicionais, com ênfase em Teletandem (PT-BR x ESP) e nas abordagens socioculturais no ensino e na aprendizagem de língua espanhola/L2.

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Publicado

2024-09-04