NOME SOCIAL E IDENTIDADE DE GÊNERO

DESAFIOS E RESISTÊNCIAS NO AMBIENTE ESCOLAR

Autores

Palavras-chave:

Educação, Gênero, Nome Social

Resumo

Em um Estado Democrático de Direito, a soberania, a cidadania e a dignidade da pessoa humana são princípios fundamentais para garantir a justiça, a liberdade e o respeito aos direitos de todas as pessoas. Esses valores garantem que os indivíduos possam exercer plenamente sua identidade, sem marginalização ou exclusão de espaços essenciais, como o ambiente escolar. Dessa forma, é obrigatório que crianças, adolescentes, jovens e adultos transgêneros, não binários e demais identidades dissidentes possam ocupar instituições de ensino de maneira digna e respeitosa. Isso inclui o direito ao uso do nome social, um tratamento adequado e o acesso a banheiros, vestiários e vestimentas em conformidade com sua identidade de gênero. Como destaca Souza (2022), “o reconhecimento do nome social não é apenas um ato administrativo, mas uma ação fundamental para a existência digna de pessoas trans no ambiente escolar”. A educação, enquanto direito fundamental, deve basear-se em princípios democráticos e inclusivos. No entanto, muitas escolas ainda reproduzem normas cisheteronormativas que invisibilizam e marginalizam estudantes trans e não binários. Seffner (2012) aponta que “a escola é um espaço de regulação social onde a diferença de gênero é frequentemente enquadrada como um problema a ser corrigido, gerando processos de exclusão”. Butler (2019) reforça essa ideia ao afirmar que “os corpos que não se enquadram nas normas determinantes são precarizados pela lógica institucional, tornando-se alvos de violência simbólica e estrutural". A ausência de políticas educacionais contribui para a permanência dessas barreiras institucionais. Souza e Silva (2024) destaca que “estudantes trans frequentemente se deparam com obstáculos que comprometem sua permanência e bem-estar na escola”. Esse cenário exige uma análise aprofundada das políticas educacionais e dos documentos normativos produzidos pelos Conselhos Municipais de Educação, especialmente os da GRANPAL, a fim de compreender como regulamentam o uso do nome social e outras garantias de direção de direitos nas redes públicas municipais de ensino. Este estudo tem como objetivo geral refletir sobre os documentos emitidos pelos Conselhos Municipais de Educação da GRANPAL e, especificamente, analisar as normativas para o uso do nome social nas escolas públicas. Busca-se compreender como tais normativas são formuladas e aplicadas, identificando avanços, limitações e lacunas na garantia dos direitos de estudantes trans e não binários. Além disso, pretende-se problematizar as formas de violência simbólica e institucional que esses sujeitos enfrentam. Como argumenta Louro (2018), "a escola é um espaço de produção e controle de subjetividades, onde discursos normativos frequentemente excluem e marginalizam experiências dissidentes". Os resultados indicam inconsistências conceituais em documentos analisados, comprometendo a efetividade das normativas e fragilizando a garantia de direitos e também a insistência de documentos por parte de alguns Conselhos Municipais de Educação sobre nome social. Conclui-se que, para que o direito ao nome social e a plena inclusão de estudantes trans e não binários no ambiente escolar sejam garantidos, é necessário um compromisso efetivo das instâncias governamentais, das instituições de ensino e da sociedade como um todo. Como destaca Souza (2022), "a luta pelo reconhecimento de identidades de gênero dissidentes na escola passa por um enfrentamento constante das estruturas que tentam silenciar e invisibilizar essas existências".

Biografia do Autor

Cleber Gibbon Ratto, Universidade La Salle

Pesquisador do CNPq. Psicanalista. Psicólogo pela Universidade Católica de Pelotas. Analista Membro do Centro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre (CEPdePA). Doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Tem experiência nas áreas da Psicanálise, Cultura e Educação, atuando principalmente nos temas ligados aos fundamentos filosóficos dessas áreas. Discute temas ligados à subjetividade, cultura contemporânea, juventudes, migrações e novas sociabilidades. Editor da Revista Educação, Ciência e Cultura [RECC/ISSN 2236-6377]. Atualmente é pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Educação (Mestrado/Doutorado) da Universidade La Salle (UNILASALLE), do qual foi coordenador adjunto (2012-2016) e do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Desenvolvimento Humano (Mestrado/Doutorado) da mesma Universidade. Foi pesquisador e docente colaborador do Mestrado Profissional em Reabilitação e Inclusão do Centro Universitário Metodista - IPA (2014-2018). Membro do Comitê Científico da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação - ANPED (2017-2021). Integrante do Comitê de Assessoramento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul - FAPERGS área de Educação e Psicologia (2017-2019). Avaliador de Cursos de Graduação do SINAES - MEC/INEP (2010-2023). Foi coordenador do Curso de Psicologia do Centro Universitário Metodista - IPA (2008-2010). Já orientou mais de uma centena de trabalhos acadêmicos, dentre eles dezenas de Dissertações de mestrado e Teses de doutorado no país. Há mais de 15 anos lidera o Grupo de Pesquisa "Cultura contemporânea, Sociabilidades e Práticas Educativas (DGP/CNPQ).

Denise Regina Quaresma da Silva, Instituto Federal de Educação-IFRS, Porto Alegre/RS

Sua formação contempla pós-doutorado em Estudos de Gênero(2011) pela UCES (Argentina). Atualmente cursa Pós-Doutorado Sênior com bolsa CNPq contemplada na Chamada CNPq N.32/2023 - vinculado ao Programa de Pós-graduação em Educação/PPGEDUUFRGS. Possui doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS; 2007) e Mestrado (2003) pela UFRGS, ambos com bolsa CNPq. Sua graduação é em Psicologia pela UNISINOS (1999). Pesquisadora do CNPq e da Fapergs, sendo recentemente contemplada no Edital Universal 2021 e no Edital Pesquisador Gaúcho 2021, ambos em andamento. Coordenou diversos projetos contemplados em Editais do CNPq. Bolsista de Produtividade do CNPq de 2016 a 2021. Avaliadora Had Hoc de projetos para a Fapergs e para o CNpq. Atuou como pesquisadora e docente do Mestrado e Doutorado em Inclusão Social da Universidade Feevale ( 2003 a 2019), do Mestrado e Doutorado em Educação e do Mestrado em Saúde e Desenvolvimento Humano da Universidade La Salle (2011 a 2023) . Tem larga experiência na área de Educação na graduação e pós-graduação (especialização, mestrado e doutorado), bem como na orientação de mestrados, doutorados e em extensão acadêmica. Discute temas ligados às Políticas Publicas de Educação, Educação Inclusiva, Diversidade, Direitos Humanos e Educação, Educação Sexual, Gênero, Violências de Gênero, Psicanálise e Educação e Mídias e sexualidade infanto juvenil. É Líder do Grupo de Pesquisa ComGênero: interseccionalidades com Educação e Direitos Humanos e vice Coordenadora do Comitê de Assessoramento Educação FAPERGS (2022-2024).  

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Publicado

2025-05-17